Chatice

O crack é a droga que definitivamente instalou-se. Faz com que o viciado faça tudo – o racional e o irracional – para poder consumi-la. É muito difícil supor do que são capazes viciados no estágio popularmente denominado como “fissura”, em que a ânsia pela droga literalmente consome o raciocínio lógico. O mais curioso é que, mesmo sendo drogas ilícitas, são comercializadas amplamente, nos mais variados pontos das cidades, inclusive no centro, bairros, vilas, na fronteira de Livramento e Rivera, constituindo um submundo que tem como resultado, entre outros, loucura e morte. E, claro, enriquecimento de traficantes, que conseguem erguer e manter verdadeiros impérios à custa da desgraça alheia. O cidadão santanense pode verificar jovens perambulando pela noite nos mais diversos pontos, atrás da possibilidade de adquirir a pedra.

O Estado – e a referência é direta ao Município, ao Estado gaúcho e à União – simplesmente não conseguem, ainda que exista dedicação e vontade em significativa parcela dos casos, dar conta dessa realidade instalada.

É uma questão de saúde pública. Sim, mas também é um problema social, educacional, econômico, cultural. Claro. Concorde-se com todas as afirmações e chavões utilizados. Porém, é um problema essencialmente familiar. É esse o fato, o ponto.

A instituição designada como família mudou, evoluiu em alguns aspectos, involuiu em outros. Salvo exceções notáveis, as transformações do mundo tecnológico, o estresse do cotidiano, entre uma série de outros elementos e variáveis, tornam degradável a relação pais e filhos.

A família brasileira – e talvez no mundo -, salvo raras exceções, tem se mostrado sem competência para lidar com o problema, sobretudo dos jovens mergulhados nesse turbilhão danoso. A base da prevenção ao uso, indubitavelmente, é a família, em tudo e sempre. Depois vem a escola e os amigos, estes últimos, quando apenas companhias ou parceiros descomprometidos, acabam sendo os responsáveis pela entrega dos jovens às hienas do tráfico. Pai e mãe, assim como tios, tias, avos, avós, entre outros parentes, mais do que o dever moral ou a obrigação, tem a responsabilidade de acompanhar, questionar, estar junto dos jovens e adolescentes a cada instante, até que a maioridade e a completa formação do caráter seja concluída. Trata-se de um conceito de policiar preventivamente, vigiar, saber e entender, conversar, principalmente com a juventude.

O mesmo vale para os professores em ambiente escolar, assim como vizinhos, treinadores, etc…

Precisam, mais do que estar atentos e vigilantes, se interessar em saber o máximo possível. Todas as perguntas básicas: quem, quando, onde, como, porque, precisam ser respondidas, a fim de que se tenha um mínimo de segurança quanto ao não uso.

Talvez sejam as acima citadas únicas formas para prevenir a entrada dos jovens no campo do tóxico.

Sim, a atitude deve ser preventiva, pois os riscos de resgate pós primeiro acesso, primeiro (e, muitas vezes, único) uso, são infinitamente mais acentuados.

A juventude dos tempos modernos tem muita informação e, mais do que isso, esse acesso é muito rápido, por vezes em velocidade tão elevada, que a compreensão acaba falhando, gerando interpretações diversas daquelas que são esperadas.

Falar abertamente, a partir da orientação técnica adequada, sanando dúvidas, realizando um controle efetivo, chato, até – na opinião dos jovens -, policialesco se quiserem, advertindo da realidade é outro elemento preventivo que pode funcionar.

Do contrário, a omissão ou a inação, normalmente, significarão perda. E morte.

 

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