Frigorífico do S. Paulo

Se alguém retornasse no tempo e ouvisse os sinos dobrando nas missas que reuniam praticamente todos no, então, povoado de Sant’Ana do Livramento, certamente, teria a convicção de que todas as orações seriam convergentes para concretizar as aspirações da comunidade, em peculiar dos moradores do bairro Armour, do São Paulo e imediações. De volta ao presente, os sinos imaginários dobram pela esperança de um projeto concreto, idôneo e, fundamentalmente, operacional, para a unidade fabril do bairro São Paulo. Esperança, sim, pois, na prática, embora existam muitos rumores sobre sondagens de arrendamento, não existe absolutamente nenhum negócio, independentemente do que as pessoas possam comentar ou noticiar. Mas, lucidez.

Os anos não têm sido bondosos com quem trabalhou (muitos dos quais pretendem voltar a trabalhar, pois é sua profissão e se orgulham dela) em frigoríficos, da mesma forma que os escravos de saladeiro de antanho. Mas, acima de tudo, as lições do passado, uma vez assimiladas, devem relegar o passado a seu lugar na escala de importâncias da vida humana, pois é o futuro que importa.

Os comentários que desde janeiro chegam à Redação de A Plateia, dando conta da reativação da unidade frigorífica naquela região, não passam, até prova em contrário, da manifestação da esperança de uma fábrica, uma indústria de grande porte que absorva mão de obra. Só isso. De outro lado, também podem ser argumentos de determinados pré- -candidatos que pretendem estruturar sua campanha eleitoral sobre uma possibilidade. E, nesse caso, estão, mesmo com a desconfiança de outros boatos que surgiram e morreram ao longo dos anos sobre o assunto, poderão estar sepultando um pouco da esperança das pessoas, o que não é condizente. Ao contrário, é perda de votos.

A desconfiança é compreensível. Quantas vezes ocorreu de ser anunciada a reabertura da planta frigorífica nos últimos 10 anos? Cinco, nove? Quantas foram as vezes em que as pessoas das comunidades do Armour, São Paulo e imediações se encheram de esperanças e foram frustradas pelo “não deu em nada”?

Foi assim em 2008. Em 2009, 2010, 2011 também. E chegando ao ano eleitoral de 2012 em que, está novamente no contexto.

Ocorre, entretanto, que não são os agentes políticos os responsáveis por abrir ou fechar uma unidade fabril. Em primeiro plano de análise, está a questão de mercado, naturalmente lógica quando se trata de um negócio. Por outro lado, também é uma questão privada, que envolve cooperados, massa falida, credores e o Judiciário.

Se a planta vai abrir?

É uma pergunta sem resposta. Assim como não se pode atribuir um não, em definitivo, tampouco o sim seja, neste momento, elemento efetivo. Seria possível atribuir um talvez à questão, porém, é muito difícil de fazê-lo. Seria, de certo modo, até irresponsável.

O fato é que nada existe de informação palpável sobre o assunto. Independentemente do que possa correr de boca em boca. Que o assunto, desde janeiro passado, vem sendo tema de perguntas e conversas naquela região da cidade, é fato, mas ninguém pode fazer qualquer tipo de afirmação, e se, e quando, houver qualquer informação de fato relevante, as instâncias específicas, oficiais, haverão de pronunciar.

Quanto à esperança, indelével, é natural que constitua um conjunto de sentimentos. Mas, não passa disso.

 

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