Responsabilidade

Os cidadãos de Livramento e Rivera tiveram um final de semana de luto, mais uma vez, por conta das loucuras que vêm se sucedendo de modo aparentemente incontrolável no trânsito local. Nada que, na realidade, se afaste muito do cenário que se repete em todas as cidades do Brasil e do mundo, uma vez que estão muito mais relacionados com a consciência dos personagens envolvidos do que propriamente de toda e qualquer ação externa que se tente impôr a esses mesmos personagens. Os dois acidentes de trânsito com motocicletas, ocorridos sábado pela manhã e à noite, evidenciam o gravíssimo problema da educação sobre o perigo que a bebida representa para quem dirige e também deixam clara a verdade que embasa os alertas sobre esse perigo. Não adianta ao motorista ter consciência para enxergar um problema, posicionar-se sobre ele e distribuir conselhos para terceiros, quando ele próprio não pratica aquilo que sabe que é o correto. A dureza da legislação que combate no Brasil a combinação de direção com álcool, muitas vezes contestada por algumas pessoas, se configura a cada novo drama, representado por uma ou mais mortes no trânsito, como o único meio capaz de promover a transformação imediata da cultura de que “eu sei me cuidar e não corro perigo porque bebi pouquinho”. O ideal, mesmo, é promover essa transformação através da educação das novas gerações, mas infelizmente essas novas gerações somente daqui a alguns anos é que deverão assumir seus lugares atrás dos volantes dos carros, motos, enfim. E até lá, a sociedade vai aceitar sem reagir a sucessão de mortes provocadas pela irresponsabilidade dos motoristas da vez? A confiança na capacidade da educação de promover a necessária mudança cultural deve caminhar junto com as ações de efeito imediato. Confiar em que os motoristas terão, finalmente, a consciência de que não é necessário mais do que alguns segundos de “bobeira”, de sonolência, de “coragem”, enfim, para que o pior aconteça. Quem bebe socialmente e acredita que apenas alguns goles de cerveja não lhe tirarão a capacidade de dirigir, se engana. Quem bebe de forma exagerada, pior. Mesmo quem não bebe nunca, mas circula na carona de quem toma um ou outro gole de qualquer bebida alcoólica pode ser se transformar na próxima vitima. E geralmente, nesses casos citados anteriormente, essas mesmas pessoas se consideram extremamente responsáveis para criticar as vítimas por terem sido tão relapsas com sua própria segurança. Pergunte-se-lhes, porém, se não fazem o mesmo, e a resposta certamente será: mas eu me cuido, e nem bebo tanto assim. O fato é que, permitindo-se uns poucos goles de álcool para quem for dirigir, pode-se acabar estimulando o excesso. Não há como tergiversar. Está provado que o álcool causa redução dos níveis de resposta de quem dirige. E aí, bastam alguns segundos para que o estrago se concretize. E é bom lembrar: com certeza, o motorista que se envolve em acidentes provocados pelo uso de bebida muitas vezes criticou outros motoristas que, como ele, também estiveram atrás do volante após beber. O triste é que, em muitos casos, o arrependimento não resolve.

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