A verdade faz bem à saúde

Uma das melhores histórias de Porto Alegre foi criada pelo escritor Josué Guimarães quando fez uma brincadeira sobre um primeiro de abril no final da década de 70. Josué, dono de um humor superior e refinado, escreveu em sua coluna, naquela data, sobre as estátuas dos leões que “guardam” a entrada principal do Paço Municipal – assim conhecido o prédio da velha Prefeitura de Porto Alegre.

Sem qualquer explicação técnica de geólogos, engenheiros e historiadores – garantia Josué – os leões (uma dupla em cada lado da entrada) ficavam aquecidos e se tocados por alguma pessoa poderiam até provocar queimaduras, dependendo da hora do dia. Ao mesmo tempo em que escrevia para o seu jornal a coluna que seria publicada no dia seguinte, Josué pediu ao fotógrafo Rubens Borges, o Goiano (um dos melhores profissionais do foto-jornalismo do RS), que ficasse de plantão nas imediações da Prefeitura para registrar a reação dos curiosos a respeito dos leões aquecidos. Não deu outra. Publicada a coluna, Goiano fez dezenas de fotos com pessoas passando a mão nos leões em busca de algum deles que estivesse quente. O interessante é que todas elas iam em direção às estátuas disfarçadamente, como se um afago nos leões fosse algo natural, desinteressado, ou se aproximavam a pretexto de uma foto, assim como fazem os turistas. Final do dia, Goiano voltou para a redação com muitas fotos, todas levadas para Josué Guimarães que deu boas gargalhadas com os flagrantes obtidos pelo colega. Josué queria detalhes dos fotografados e Goiano contou-lhe que a melhor história recolhida não poderia ser publicada. Claro que Josué quis saber qual era. Goiano, então, narrou-lhe o encontro com um circunspecto senhor que depois de tocar o leão e não sentir calor algum, deixou-se fotografar, perguntando o nome do jornal do fotógrafo. Goiano disse-lhe para quem trabalhava e o frustrado senhor que acreditou na história dos leões, apenas resmungou: “O seu jornal continua mentiroso”. Josué mudou de assunto na coluna do dia seguinte.

VICTOR MATURE

O famoso ator hollywoodiano Victor Mature, astro de filmes bíblicos como Sansão e Dalila, O Manto Sagrado, Demétrius, o Gladiador (sucessos de bilheterias na metade do século passado), quando encerrou sua carreira teria vivido incógnito durante dez anos, no bairro Partenon, em Porto Alegre. O jornalista José Antonio Gomes Pinheiro Machado – Pinheirinho para os amigos – jura que esteve com ele e que chegou a ensinar ao Sansão do cinema como se preparava um carreteiro.

JACK PALANCE

Outro jornalista, Fernando Albrecht, confirma em rodas de amigos que o ator Jack Palance (indicado ao Oscar de ator coadjuvante pelo desempenho como o bandido Jack Wilson, onde duela com Alan Ladd, no filme Os Brutos Também Amam) também viveu um bom tempo em Porto Alegre. Falando um português enrolado que lhe valeu o apelido de “gringo dos esteites”, jamais foi reconhecido como uma celebridade do cinema. Sua popularidade ficou limitada como dono de um minisnooker no bairro da Azenha.

ADOLF EICHMANN

Em 11 de maio de 1960 Adolf Eichmann foi capturado por uma equipe do Mossad, em Buenos Aires. Encerrava-se ali a operação secreta de Israel pela busca do homem organizou o programa de extermínio dos judeus prisioneiros nos campos de concentração nazistas. O vôo que transportou o genocida até Tel Aviv teria feito uma escala técnica em Porto Alegre onde Eichmann foi declarado como um cidadão que morrera na capital argentina, cujo esquife chegou a ser mostrado aos funcionários alfandegários na capital gaúcha.

BUGIOS NO MORRO

O Morro do Osso, na Zona Sul de Porto Alegre, já abrigou em suas árvores famílias de bugios-vermelhos. O jornalista José Barrionuevo quando residia nas imediações do Morro do Osso, todas as manhãs fazia caminhadas pela área e deixava alimentos aos bugios que se acostumaram com aquela cortesia. Anos depois, os bugios sumiram do local e ninguém mais soube do destino dos quase domesticados animais. Mas a Secretaria Municipal do Meio Ambiente tem registro da presença dos bugios-vermelhos que se transformaram apenas em uma lenda para os atuais e escassos visitantes do Morro do Osso.

 

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