Filtros de paixão

Historicamente, os veículos de comunicação tem sido usados tanto como instrumento democrático de projeção do pensamento e dos anseios populares quanto para, de outro modo, ajudar a formar senso comum de acordo com os interesses de algumas elites que têm ascendência sobre esses meios. Os veículos verdadeiramente isentos sabem e defende a importância da prática democrática de dar espaço para todos os tipos de posicionamentos, seja em que campo for – religioso, político, social, esportivo, enfim. Ao abrir suas páginas para a exposição dos pensamentos de todos os segmentos, tornando públicas as posições das maiorias e igualmente valorizando as opiniões das minorias, os jornais dão uma importante contribuição para as lideranças comunitárias, criando uma ponte entre as necessidades dos liderados e a estrutura oficial para atendê-las, dessa forma auxiliando para acelerar o processo de melhorias pelas quais o cidadão e a sociedade trabalham e lutam de forma permanente. Dentro desse contexto, torna-se praticamente impossível desviar-se das farpas geradas pela mágoa de que os veículos acabem dando voz e vez ora a uma, ora a outra parte. Quando divulga ações realizadas pelo setor público em atenção aos anseios comunitários, seja em assuntos de interesse de toda a sociedade, seja de um ou outro segmento social, o jornal muitas vezes acaba sendo criticado em razão de um filtro político adotado por parte de seus leitores. É natural que isso aconteça, já que o próprio jornal contribui também para que o leitor e a sociedade cada vez tenham maior capacidade crítica de analisar os fatos. De outra banda, quando o jornal dá voz à população desassistida ou ansiosa por uma ou outra melhoria em sua condição de vida, em muitas das vezes acaba sendo considerado tendencioso e acusado de associação a agremiações contrárias a quem governa. Isso também é natural, posto que o filtro desse tipo de leitor é o mesmo daquele outro grupo. É a essência do conceito de jogo democraático, no qual ouve-se as opiniões dos outros mas se luta para que a própria opinião prevaleça sobre as demais. Ao jornal e aos demais veículos de comunicação de massa – quando realmente isentos e independentes – toca a grandeza de manter-se firme na linha da democracia, abrindo para todos o mesmo espaço de manifestação, ainda que acabe sendo rotulado por ambos os lados como tendencioso e, democraticamente, vire alvo do desabafo tanto das insatisfações populares quanto dos gestores.

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