“Alguém acreditou mesmo que o Tarso iria cumprir a lei do piso?” Tarsila Crusius, filha da ex-governadora Yeda Crusius, alfinetando o Cpers

ÉTICA DO MERCADO?

´”É a ética do mercado”, disse a funcionária corrupta de uma empresa carioca querendo ganhar uma concorrência num hospital federal no RJ. A resposta da porção decente deste país deveria ser em voz alta: “Ética do mercado, uma ova! dona Redonda”. Essa ética da dona Redonda deve ser do mercado onde ela atua, um meio poluído pela corrupção endêmica, em que pessoas compram outras pessoas, como se serviços de saúde pública fossem CDs piratas.

Mesmo que o Brasil esteja entregue hoje a mecanismos de corrupção em todas as dimensões possíveis do serviço público, é preciso acreditar que isso, um dia, vai terminar com um final feliz para o lado bom do país e o lado mau curtindo sua “ética” num presídio de segurança máxima.

Não há outra saída nessa luta entre cidadãos e ladrões do dinheiro público a não ser a de colocar atrás das grades e com seus bens confiscados os meliantes da “ética do mercado”. O que se viu no programa “Fantástico” foi apenas um sinal de fumaça do grande vulcão da corrupção que se movimenta nas camadas geológicas da safadeza, da esperteza e da impunidade nacional.

Alguns dados estimados por entidades que estudam a corrupção no Brasil chegam a uma cifra de 80 bilhões de reais desviados dos cofres públicos nos últimos dez anos. E não é difícil de se imaginar tanto dinheiro roubado do povo.

Somente na área da SUS, de 2007 a 2010, R$ 154 bilhões foram destinados para saúde dos brasileiros sem qualquer controle dos organismos encarregados de fiscalizar o sistema. Quanto dessa verba ficou no caminho pedagiado por servidores desonestos, nomeados por políticos do mesmo naipe, em parceria com empresas refinadas em roubalheiras nos editais, licitações e concorrências?

Às vezes ficamos sabendo de alguma falcatrua como se fosse um boi de piranha entregue na travessia do rio. O grosso da tropa passa incólume, pois é assim que funciona o sistema e a “ética do mercado”.

Quando somos acordados por denúncias de corrupção explícita e ficamos imaginando o que não ocorre em outros segmentos do serviço público vem a pergunta óbvia: mas o que podemos fazer?

O lado decente do Brasil sente-se impotente, mas fica curioso para saber onde estão os organismos da “sociedade organizada”, esses mesmos que fincam cruzes brancas nas areia de Copacabana, que protestam pelos direitos humanos e que ganham manchetes contra um simples crucifixo num tribunal?

Cadê a mesma energia, com ou sem cara pintada, para protestar contra os ladrões – estes sim, bem organizados! – do dinheiro que poderia impedir a morte de um aposentado no corredor de um hospital ou de um policial baleado por falta de um colete protetor?

Não mesmo, dona Redonda! A gente pode estar em desvantagem contra a pilhagem organizada dos bandidos de colarinho branco (os que não aparecem e recebem o dinheiro num paraíso fiscal) e dos asseclas de colarinho azul (os que aparecem na tevê dando aulas de corrupção, sorrindo e parecendo “mestres” naquilo que fazem, uns chinelões descartáveis), mas um dia a casa cai.

O que o “Fantástico” mostrou foi um documento inicial, um requerimento às autoridades para que ajam em nome da decência e da governabilidade do Brasil. Os protagonistas tinham RG, endereço fixo e não apareceram com voz distorcida ou com imagens borradas. Eram apenas ladrões, ladrões, ladrões, com a audácia e até com uma simpatia forjada que identificam os estelionatários. “Ética do mercado”, uma ova! Talvez sejamos parte deste “mercado”, mas somos decentes!

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