“Não há necessidade, neste momento, de mexer nas regras da poupança”. Guido Mantega, ministro da Fazenda, tranqüilizando os poupadores tradicionais

DILMA VENCE TEIXEIRA

A renúncia de Ricardo Teixeira é uma vitória política importante de Dilma Rousseff que não queria ver o presidente da CBF nem pintado de ouro. Ao deixar a entidade depois de 23 anos, Teixeira abre o caminho para que as negociações sobre a Copa de 2014 entre a Fifa e o governo brasileiro andem mais depressa.

Em tese, o governo nada podia fazer contra a CBF por se tratar de uma entidade de direito privado, mas, na prática, podia muito. Quem garante que a vinda com audiência marcada de Joseph Blatter com Dilma Rousseff não teve como exigência de Brasília o afastamento de Ricardo Teixeira?

Dilma nunca gostou de Ricardo Teixeira desde os tempos em que era chefe da Casa Civil de Lula e o presidente da CBF ligava pedindo audiência presidencial reservada, sem dizer o assunto a ser tratado com ela que tinha a obrigação de saber o tema de qualquer encontro oficial do chefe da Nação.

É bem provável também que Dilma tenha lido o livro do jornalista inglês Andrew Jenning e se convencido das denúncias feitas contra Ricardo Teixeira e João Havelange. Por que ela iria se relacionar formalmente e oficialmente com Teixeira que aos olhos do mundo esportivo internacional não gozava lá de muito conceito, depois do livro de Jenning?

Ricardo Teixeira já sem o poder que a CBF lhe conferia vai sentir agora o que é o ostracismo e a rejeição a sua pessoa, sem poder e sem verbas publicitárias. Os mesmos que o bajulavam mudarão de corredor se Teixeira for visto em algum shopping fazendo compras com a família, sua principal preocupação a partir desta segunda-feira.

Ele que não espere também afagos da mídia esportiva brasileira (com raras e honrosas exceções) sempre tão generosa quanto à reciprocidade em entrevistas e vantagens oferecidas por Teixeira.

O jornalista Andrew Jenning sempre tratou Ricardo Teixeira por um apelido malicioso, Trick Rick, que numa tradução livre seria “Ricardinho Tramposo”. No entanto, tal apelido era praticamente desconhecido do público brasileiro por falta de divulgação dos coleguinhas da crônica esportiva.

Quem sabe com o fim da carreira de Ricardo Teixeira, sua vida e as denúncias do jornalista inglês possam ser conhecidas com mais detalhes? Apenas a Rede Record e alguns jornalistas, com destaque para Juca Kfouri, mostraram a vida conturbada e misteriosa de Teixeira durante o seu reinado na CBF.

A renúncia de Ricardo Teixeira, um ato unilateral de vontade, na prática é um chute no traseiro que ele levou da presidente Dilma desde que ela não mais o recebia e sequer comparecia a atos onde ele se encontrava. É um fim melancólico para quem, um dia, sonhou até em substituir Joseph Blatter, na Fifa.

O JUIZ E O ÁRBITRO (1)

O desembargador Rizzardo Nunes, do TJ/SP, escreveu um excelente artigo comparando o juiz de Direito com o árbitro de futebol. “No Direito, dois fatos são fundamentais: o da Verdade e o da Justiça. No processo, o que se espera obter é a verdade dos fatos e um resultado justo. Mas no futebol, não é assim, aliás, não é assim escancaradamente”.

O JUIZ E O ÁRBITRO (2)

“Se um árbitro não der um gol legítimo porque estava longe do lance ou viu ou se porque, de má-fé, não quis dar, não é gol e pronto. Depois a tevê mostra, deixando patente que a bola entrou. Mas não adianta: não foi gol e o jogo acabou ainda que todo mundo saiba que a bola entrou. É justo? Não, não é.”

O JUIZ E O ÁRBITRO (3)

“A questão é que, no fundo, o princípio vigente no futebol não é o da busca da verdade, mas apenas e tão somente o da autoridade do árbitro. Este, intocável em suas decisões dentro do gramado, transforma sangue em água, areia em ouro. É um mágico. Capaz de mudar o real. Ou uma espécie de ditador nomeado e aceito”.

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