Uma data dedicada a quem merece a alegria em todos os dias do ano

 

Conforme Circirene de Pietro, flores são uma opção de presente neste dia especial Foto DANIEL BADRA/AP

Até algumas décadas atrás, o trabalho era restrito ao homem, enquanto cabia à mulher cuidar da casa, dos filhos, entre outras coisas. Durante o século XX, a mulher entrou, aos poucos, no mercado de trabalho, conquistando seus direitos sociais e a igualdade de tratamento e de condições de trabalho e remuneração. Depois de muita luta, as mulheres conseguiram igualar aos poucos seu status social com os homens. Atualmente, as profissões “restritas” aos homens não mais os pertencem totalmente, pois as mulheres encontram em si motivos para serem capazes de enfrentar a vida, superando obstáculos, o que, até então, eram características consideradas masculinas. Assim como há homens que buscam, nas profissões que são originariamente femininas, uma colocação no mercado de trabalho – cozinheiro, telefonista, estilista de moda e dançarinos, só para citar alguns exemplos – há as mulheres que ocupam “postos” de trabalho que seriam destinados somente para homens: como motociclistas, cobradoras de ônibus, seguranças, administradoras de empresa e uma infinidade de outras atividades. O mercado não apresenta mais profissões que sejam restritas somente a um gênero, ou seja, masculino ou feminino. O mundo globalizado, e da forma como se apresenta, é o fator principal que dita o modo de agir e de buscar desafios e novas profissões.

 

Assim, para aquelas pessoas que ainda torcem o nariz quando veem uma mulher realizando uma atividade tipicamente masculina, vai um aviso: “É melhor se acostumar, pois elas chegaram para ficar”.

 

Situações do cotidiano santanense

 

Em Livramento, muitas mulheres realizam tarefas que também têm maioria predominante masculina. São mulheres que atendem em açougues, são cobradoras de ônibus, motogirls, e também as batalhadoras, como Alice de Almeida Leite, de 63 anos de idade, que, diariamente, vende lanches com sua bicicleta, rotina esta que chega aos seus 10 anos de atividade.

Elas batalham o dia a dia e já enfrentaram preconceitos

Alice de Almeida Leite, 63 anos, é vendedora de lanches há vinte anos, mas está na cidade de Livramento há dez. Antes de vir para cá, morava na cidade de Bagé, mas como seu filho e também seu esposo tiveram que vir para Livramento em busca de emprego, ela optou por acompanhá-los e, hoje, tira seu sustento da venda de lanches pelas ruas da cidade em sua bicicleta. "Aqui em Livramento, somente dei continuidade ao trabalho que realizava na minha cidade natal, e com isso ajudo no sustento de nossa casa. Mas para isso, eu não tenho horário para me deitar e nem mesmo levantar, e trabalho de manhã e de tarde até próximo das sete da noite. Vendo em lojas do centro, na prefeitura, em Rivera, e meu diferencial é trabalhar somente com produtos naturais e muita higiene no que faço". Sobre a valorização da mulher, ela destaca que hoje a mulher se igualou ao homem, "É só lembrar que hoje quem preside o Brasil é uma mulher".

Letícia Silva Costa, 24 anos, costuma atender no açougue do supermercado onde trabalha, e como ela destaca, quando iniciou na atividade, servia os clientes, que compravam com olhares desconfiados da capacidade da mesma. "Sentia certo preconceito dos clientes, pois muitos têm a ideia de que a atividade de açougueiro é uma atividade exclusivamente masculina. Mas aprendi a lidar com a situação, e hoje conheço todos os cortes e consigo, inclusive, indicar para cada cliente o corte ideal, conforme o prato que deseja fazer. Acho bem gratificante, gosto muito do meu trabalho". Ela relatou, ainda, que em certas situações já foi aconselhada por clientes a "chamar um açougueiro" para atender, ou mesmo orientar no atendimento.

Amanda Chagas Gomes, 42 anos, é cobradora de ônibus, e relata que a profissão, no início, foi por uma necessidade, mas aprendeu a gostar, e hoje tem muito orgulho de sua atividade, a qual desempenha há aproximadamente 15 anos. "Eu tinha um colega de aula que trabalhava no sindicato e conseguiu a oportunidade para mim. No começo, éramos apenas cinco mulheres que trabalhavam como cobradoras na cidade". Ela finalizou destacando que adora o que faz, e que o contato com o público é muito bom.

Você chama um motoboy e, de repente, a surpresa: quem chega é uma "motogirl". Pois a situação é mais comum do que parece, e aos poucos as mulheres vão se inserindo nesta fatia do mercado de trabalho que iniciou exclusivamente com homens. Para Valquiria da Silva Leivas, 27 anos, a atividade uniu um prazer, que é andar de moto, com a possibilidade de ganhar dinheiro diariamente: "Com a atividade que desempenho, consegui pagar minha moto". Das experiências negativas, ela destacou que teve sua moto roubada em agosto do ano passado - mas que, felizmente, conseguiu recuperar no mesmo dia - e também questões envolvendo passageiros bêbados, os quais procura evitar. De positivo, as amizades que ela consegue fazer com clientes.

No dia dedicado às mulheres, o exemplo de força de uma santanense guerreira

Elvira Rodrigues, 60 anos de vida: frustrações, dificuldades e muita esperança, que se renova por dias melhores

 

“Às vezes, sinto saudade dos meus pais e da minha mocidade. Gostaria que minha vida fosse completamente diferente, mas, mesmo assim, ainda consigo ser feliz do meu jeito e sou muito grata a todas as pessoas que estão me ajudando. Isso só pode ser coisa de Deus”.

A frase, dita na tarde de ontem, durante a entrevista da santanense Elvira Rodrigues, 60 anos, e que no mês de janeiro teve parte de seu drama relatado nas páginas do Jornal A Plateia, foi apenas uma parte das declarações da mulher que não se cansa de dar exemplo de força, coragem e vitalidade, mesmo diante da série de problemas que enfrenta no seu cotidiano. Na casa onde mora, lugar que poderia ser facilmente confundido com letra de música, uma casa muito engraçada, sem teto, sem quase nada, Elvira passa os dias entre memórias e a esperança pela mudança de uma situação que se arrasta. E para quem tem o péssimo hábito de reclamar da vida, a mulher que não pode ter filhos, nunca casou, mora em uma casa sem luz, sem água encanada, e se locomove em uma cadeira de rodas doada recentemente, em função de uma fratura na bacia, fica o exemplo da dedicação na crença em um ser maior.

Questionada sobre o que lhe falta para ser feliz, a senhora, que ainda consegue ter um sorriso farto, assiste sua situação ser modificada aos poucos, através de doações da comunidade.

 

Um presente para Elvira

 

A redação do Jornal A Plateia recebeu a informação, repassada pelo coordenador operacional da AES Sul na cidade, que em breve a energia elétrica será estabelecida no local. “Consegui cadastrá-la em um programa de baixa renda da empresa. Nesse projeto da AES, ela vai ganhar um Kit com a caixa de medição e a instalação elétrica interna da residência, já com as lâmpadas econômicas”, afirmou Robert dos Santos, em e-mail enviado à redação.

 

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