Convivência

A solidariedade é, talvez, um dos poucos sobreviventes dos hábitos de antigamente. Outrora, e os mais avançados na idade lembram bem disso, era hábito “vizinhar” – costume não tão utilizado hoje, até em função da voracidade dos tempos. Auxílio mútuo entre as pessoas torna-se uma prática que pode solucionar os problemas de muitos. Livramento pode, ainda, considerar-se como uma cidade solidária, de pessoas que buscam melhorar as condições de seus semelhantes, como, mais presentemente, é possível verificar no caso que envolve a moradora do bairro São Paulo, dona Elvira, que mora em um cômodo de 4 x 4 metros, sem energia elétrica, sem instalação sanitária, sem piso e cuja instalação alaga com as chuvas.

Outros diversos exemplos poderiam ser resgatados, pois é de conhecimento público que há cidadãos que dispõem-se a proporcionar a ajuda, nas mais diversas formas, necessárias para tornar melhor a existência de outros. Há uma definição científica para esse aspecto tão humano, tão propalado e, ao mesmo tempo, fator que deixa de ser percebido como fio condutor para, justamente, oportunizar melhoras a muitos, desde que exercido com frequência e cotidianamente.

Já preceitua a definição, a solidariedade social é a condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora. Entenda-se a oposição como situação adversa no sentido desejado para este texto.

Remeta-se ao passado para compreender o senso que precisa ser ainda mais propagado de forma frequente no cotidiano santanense. Recorde-se o francês Émile Durkheim (1858-1917), em A Divisão do Trabalho. Em síntese, a tese dele é de que a sociedade era mantida coesa por duas forças de unidade. Uma em relação a pontos de vista semelhantes compartilhados pelas pessoas, por exemplo, valores e crenças religiosas, denominada por Durkheim de solidariedade mecânica. Enquanto a outra está representada pela divisão do trabalho em profissões especializadas, que foi denominada de solidariedade orgânica.

Talvez, e apenas talvez, seja isso que esteja faltando para alavancar a cidade, pontos de vistas semelhantes, compartilhados pelas pessoas, associados ao sentimento de ajudar umas às outras em maior escala.

 

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