Razão adicional

A imprensa brasileira tem dedicado especial atenção, neste início de março, para as notícias relacionadas com a violência contra a mulher, por conta da programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher que será celebrado no próximo dia 08. Pode ser que motivados pela relevância dos casos relatados nas páginas dos jornais e revistas ou nos noticiários de rádio e TV ou ainda nos espaços virtuais, mas o fato é que os editores de veículos de comunicação têm ampliado os espaços para esse tipo de notícia – que, convenhamos, é assunto corriqueiro na sociedade brasileira e costume até mesmo aceito legalmente em alguns outros países de cultura diferente. A questão é entender a razão dessa atenção especial da imprensa. Não se trata simplesmente de veiculações destinadas à atrair a atenção do leitor, do ouvinte, do telespectador ou do internauta, dentro da máxima de que é a notícia policial que realmente vende. Embora seja uma verdade que sempre é considerada pelos marketeiros da mídia na hora de estabelecer os focos dos veículos nos quais trabalham, também é muito verdade que a imprensa tomou ciência do quanto é importante na formação da cidadania e, principalmente, na mobilização da coletividade. A divulgação de crimes contra a mulher, especialmente os crimes intra-familiares, serve para alertar a sociedade de que a cultura nacional já mudou muito e que continua mudando dia a dia. A mulher conquistou espaços nessa sociedade que antes eram direito exclusivo dos homens. Foi forçando a porta da sociedade até há pouco tempo predominantemente masculina – e entrou. Mais: já foi tomando conta, impondo a ciência e a consciência dessa nova situação. Está muito mais presente no mercado de trabalho, na vida social, na definição dos destinos políticos e administrativos da sociedade. E, por causa disso, a sociedade começa a aceitar com naturalidade essa nova realidade. Infelizmente, há remascentes do período do mando masculino. Pior: do período em que a sociedade permitia ao homem considerar-se dono da mulher, o que justificava inclusive a aplicação de castigos físicos e a imposição da vontade pela força. São pessoas absolutamente sem noção tanto a respeito da evolução cultural provocada pela reação feminina quanto até mesmo do fato de que todos os seres têm a mesma importância – senão para a lei, pelo menos para aquele Poder maior ao qual espiritualmente todos os seres estão ligados. São pessoas que agridem, moral ou fisicamente, que se colocam acima do direito dos outros. E que acabam muitas vezes extrapolando inclusive em suas ações para tentar forçar a obediência de quem deveria ser sua outra metade. Assim, ocorrem os tais fatos que viram notícia nas páginas dos jornais e revistas e nos noticiários de rádio, TV e sites informativos. Casos como o da professora santanense Deise Charopen Belmonte, julgado recentemente no Forum local, e que foi amplamente divulgado pela imprensa. Mesmo que esse assunto não vendesse, deveria ser divulgado como um exemplo para aqueles que ainda se consideram donos em relação à mulher. Esse é o foco: mostrar que a sociedade está mais atenta para cobrar o respeito à dignidade feminina como ser humano. Livramento deu um bom exemplo. Neste ano, a celebração do Dia Internacional da Mulher ganha uma moldura muito especial.

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