Casa própria a baixo custo, ecologicamente correta

O nutricionista Rivarol de Miranda Padilha está protagonizando uma experiência diferente. Depois de um ano trabalhando como pedreiro, decidiu construir uma casa dentro do sistema de permacultura ou, sob outro prisma de visão, ecologicamente correta. Já começou a trabalhar.

“Não há nada de novo. Cada elemento tem múltiplas utilizações” – afirma Rivarol.

Ele adquiriu um terreno na rua Ananias Flores e, com o dinheiro que ganhou trabalhando como pedreiro para uma empresa local durante um ano, adquiriu outros dois ao lado. “Trabalhei um ano aqui perto, para a Madezapi, como pedreiro, e com o que ganhei paguei o terreno” – conta. Em outubro, começou a trabalhar com a ajuda do filho. Em uma área de 450 metros quadrados, está fazendo o projeto piloto. Primeiro, cercou o terreno, usando tapas como tramas e moirões e fios de arame farpado. Construiu uma composteira (para reciclagem do lixo doméstico), iniciou o plantio de frutíferas, verduras – com um primeiro canteiro. “Tudo aqui será nesse rumo. A propriedade vai abastecer a casa, cuja estrutura tem 36 metros quadrados, orientada na parte mais alta do terreno de modo que, durante todo o dia, aproveite ao máximo a energia do sol e, no verão, tenha resfriamento à noite. “Serão dois quartos, uma sala, banheiro e cozinha. Claro que a madeira de tapas tem que ser trabalhada, mas vamos ter um espaço para habitar com conforto, beleza, higiene e em proximidade com os elementos naturais” – sintetiza Rivarol.

A ideia é construir nos outros 3 terrenos que comprou, três chalés do gênero para aluguel. Ele está trabalhando e registrando cada etapa, a fim de montar um mini-manual dentro do conceito de permacultura para propagar a informação a quem desejar utilizar.

A ideia dele é reduzir o custo. Com mão de obra própria, pretende que todo o gasto para construir fique abaixo de R$ 5.000,00.

 

Rivarol plantou feijões nos canteiros laterais do terreno e trabalha todas as tardes na obra

A permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis. Foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren, na década de 70. O termo, cunhado na Austrália, veio de permanent agriculture (agricultura permanente), e mais tarde se estendeu para significar permanent culture (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, ideia inicial, estendeu-se para a sustentabilidade dos assentamentos humanos na sua generalidade. Os princípios da Permacultura vêm da posição de Mollison de que “a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos” (Mollison, 1990). A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da natureza, integrando plantas, animais, construções, e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia.

Construção deve ficar abaixo de R$ 5.000,00

Economia se dá com a mão de obra própria e com o mínimo de material de alvernaria possível, segundo Rivarol

Rivarol Padilha afirma que pretendeu dedicar-se a três rubros. “ O primeiro foi a área de alimentação. Fiz faculdade de nutrição, hoje atuo nessa área, estou satisfeito em função do bom desempenho. O segundo rubro é a habitação, que estou começando agora, com base na pesquisa, experimentação e desenvolvimento. Esta é uma tecnologia piloto, que será repassada. Na verdade, não se trata de nada moderno. É um resgate do que se utilizava há muitas décadas, nos primórdios. E o terceiro rubro é a área de saúde. Quero me dedicar a aproveitar as oportunidades que surgirem nessas três áreas básicas” – afirma Rivarol Padilha.

Cada centímetro quadrado tem sua utilidade no sistema que está sendo desenvolvido pelo nutricionista, que também é radialista e pedreiro, entre outras profissões. “Teremos frutíferas, ornamentais, medicinais e alimentares, proporcionando alternativas alimentares e diversas” – refere.

Ele construiu um canteiro bioséptico, ao lado da casa, tendo a meta de plantar um canteiro em cima. A matéria orgânica será aproveitada mediante incorporação na terra e o líquido também.

“Cada tapa custa R$ 0,60 e preciso de 120. É só calcular para verificar que o custo total será muito menor do que se possa supor. A ideia é construir a um custo muito acessível, não ultrapassando os R$ 5.000,00 para ter uma moradia confortável, sustentável, higienizada, sem esquecer os critérios de estética e beleza” – ressalta Rivarol, que não colocou prazo para concluir sua obra, já que trabalha nela durante as tardes. Depois de pronto o projeto piloto, ele pretende construir outras três no mesmo gênero, com a finalidade de dispor essas casas para locação. Quem desejar conhecer pode ir até a rua Ananias Flores, todas as tardes, ou entrar em contato com o autor da iniciativa, que disponibilizará gratuitamente as informações sobre suas experiêcias até agora e futuras.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.