Gangorra global

Os especialistas, em todos os noticiários de TV, no rádio e nos veículos impressos, deixam claro que o longo ciclo de prosperidade econômica mundial, iniciado há 15 anos, após a crise asiática, está sinalizando uma perda de dinamismo e, possivelmente, caminhando para uma recessão. O que isso tem a ver com Sant’Ana do Livramento?

Antes da resposta, vale a pena, leitor santanense, fazer uma análise, com base naquilo que se lê a partir dos comentaristas.

A partir de 1990 e, mais fortemente, a partir de 2000, a espetacular entrada da China no mercado mundial evitou uma recessão generalizada. Cresceu acentuadamente o comércio internacional, subiram os preços do petróleo, das matérias primas (celulose, minério de ferro, metais) e das commodities de alimentação (soja, milho, trigo), gerando riquezas inesperadas nos países emergentes da Ásia, do Oriente Médio e da América Latina. A recessão nos Estados Unidos foi adiada, viabilizando o financiamento externo dos megadéficits orçamentário e do balanço de pagamentos. O Brasil foi muito beneficiado por esse boom econômico, embora não tenha aproveitado integralmente todas as oportunidades, crescendo a taxas que representam apenas metade das que alcançaram outros países. Há o problema na Europa.

A Grécia, principalmente, preocupa, mas…

O ano de 2012 vai coroar, no Brasil, os efeitos dessa expansão e o PIB nacional deverá registrar um crescimento superior a 5%, encerrando o longo período de recessão e de crescimento médio abaixo de 2,5%, nos últimos 25 anos. Três forças ajudaram essa expansão: o notável crescimento de nossas exportações, mais em valor do que em volume, a retomada do ingresso de investimentos estrangeiros e a expansão do crédito interno, seja no setor bancário, seja no setor comercial. De outro lado, não houve um aproveitamento total das oportunidades, face aos equívocos cometidos na política monetária e cambial, ao mesmo tempo em que a política fiscal perdeu o rumo e enveredou por um crescimento continuado dos gastos públicos, acompanhado de uma crônica escalada da carga tributária.

O Estado arrebanha, hoje, mais de 36% do PIB nacional, contra 27% há 10 anos, exibindo uma expansão preocupante de cerca de 1% anualmente, assim empurrando a taxa de juros, o déficit orçamentário e a dívida pública interna para níveis de difícil administração.

Dito isto, vale considerar que o Brasil é o país emergente do momento. Os olhos dos gringos se voltam para cá. Estados como o Rio Grande, de base pecuária e agrícola, têm mercado certo. Está respondida a pergunta?

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.