Chuva não alivia perdas em lavouras com soja

A falta de chuvas e as altas temperaturas registradas no Rio Grande do Sul, na semana passada, preocupam os produtores de soja. Com as chuvas dos últimos dias, regiões características da cultura avaliam a possibilidade de recuperação de grãos, que já apresentam perdas consolidadas superiores a 40% em todo o Estado, e não acreditam em grandes alterações no cenário de projeção dos prejuízos da estiagem. Conforme o relatório da Emater-RS, com base na primeira quinzena de fevereiro, a morte prematura da planta tem forçado o processo de maturação das sementes. Com isso, ao invés de amarelarem, são colhidas ainda verdes, com altos índices de clorofila, o que afeta o potencial de vigor, a germinação e o rendimento industrial na obtenção de óleo.

No escritório da Emater em Bagé, responsável por 16 munícipios, o assistente-técnico Erich Groeger, explica que o excesso de calor afeta a floração. “A estiagem atrasou a cultura e reduziu o desenvolvimento. Com o aumento das incidências de chuva estamos acompanhando a recuperação das lavouras. O panorama do campo mudou e a soja possui grande potencial de recuperação, justamente, por dividir a floração”, analisa.

Mesmo com uma média de cerca de 200 mm em fevereiro, Groeger é cauteloso quanto à possibilidade de recuperação das perdas. Segundo ele, médias pluviométricas inferiores a 40 mm registradas ao longo do mês de janeiro na maior parte da região, determinam danos irreversíveis em pelo menos 30% da área plantada na região. Acompanhado de perto o desenvolvimento das lavouras de soja em diversas regiões do Estado, o engenheiro-agrônomo e gestor-técnico da Cooplantio, Dirceu Gassen, vê com pessimismo as perspectivas de safra em 2012. Segundo ele, os prejuízos devem superar os índices históricos de 2005, quando a cultura registrou perdas de mais de 5 milhões de toneladas de grãos e média inferior a 790 kg por hectare.

Ele explica que a floração é de quatro semanas, em um ciclo com duração de 120 dias. Este período, considerado crucial para o desenvolvimento do grão, aconteceu no auge da estiagem para as variedades precoces e também para as plantações tardias. Na atual fase, as plantas apresentam demanda hídrica bastante elevada e o cálculo, é de 7 mm diários. Por isso, a cada dia os prejuízos tendem a aumentar.

Na visão do técnico, mesmo que chovesse de maneira generalizada, com índices superiores a 40 mm em todo o Estado nesta semana, não seria possível salvar a maior parte da produção.

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