A cidade perdida

Com o título de A Cidade Perdida (The Lost City), o filme, com Andy Garcia (produtor, diretor e ator principal) e Dustin Hoffman, nos apresenta aspectos de como era a Cuba pré-castrista dos anos cinqüenta, e nos conta o drama de uma família cujos membros se dividem uns a favor e outros contra a revolução que vem sendo organizada nos bastidores de um país dominado por um regime policialesco e autoritário, de uma sociedade parcialmente corrompida e de uma vida noturna exuberante, com seus shows, artistas, sua romântica musicalidade e seus às vezes frenéticos ritmos tropicais. Em meio ao que um dos membros desta família (Andy Garcia) é o dono de “El Tropico”, um dos principais e mais luxuosos clubes noturnos da Ilha, enquanto dois de seus irmãos, um é assassinado por capangas do regime de Fulgêncio Batista e o outro consegue escapar e se juntar aos revolucionários.

No seu aspecto visual e musical o filme reproduz o que eram as noites de Cuba no final da década de 50, para os boêmos um verdadeiro paraíso tropical caribenho nas vésperas da capitulação de Batista, um asqueroso ditador impopular e hostil à própria aristocracia (que também o queria remover por meios constitucionais), em cujo governo o abuso de autoridade, o vício, as drogas, o lenocínio e a prostituição campeavam livremente. De modo que, do ponto de vista histórico, o filme está mais ou menos de acordo com o que se conhece

Em certos momentos vislumbramos a ação de alguns conspiradores, aspectos iniciais do regime de Fidel Castro e do seu comandante Che Guevara, mui fielmente representados junto a seus camaradas ou em alguns encontros formais e festivos com seus aliados e adversários.

Paralelamente a isso vemos a constante atuação repressiva de Fulgêncio x Cia prendendo, arrebentando, interrogando sob tortura ou assassinando os suspeitos de antagonismo com o seu regime ou simpatizantes da revolução que se aproxima, até o momento em que a situação de governabilidade do país se torna insustentável e o seu presidente resolve, durante uma festa de reveillon, anunciar que está abandonando a Ilha, já quase inteiramente dominada por Fidel Castro e seus seguidores que, infelizmente, dão continuidade ao clima de autoritarismo e violência sob outra bandeira — a da revolução socialista.

Em resumo o filme, além de nos mostrar a beleza da música tropical e a paisagem das praias do Caribe, nos conta a história de uma família aristocrática de Havana durante a transição do governo de Fulgêncio para o de Fidel Castro, enfatizando os aspectos negativos de dois regimes antagônicos entre si, porém igualmente indesejáveis a uma social democracia plena, ordeira e pacífica – que na América Latina ou em qualquer parte do mundo só existe em teoria e na imaginação dos idealistas.

 

Luciano Machado

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.