O Gaúcho Martin Fierro ganha edição bilíngue

Lançamento da obra aconteceu na noite de ontem, no Núcleo de Estudos Fronteiriços

Solenidade marcou o lançamento da edição bilingue de Martin Fierro

Um Evangelho do gaúcho, uma bíblia do homem do campo ou, simplesmente, a tradução dos hábitos e costumes dos moradores de uma época remota e que serve de referência para os atuais moradores da região pampeana. Assim pode ser entendida a obra de José Hernández, o Gaúcho Martin Fierro, que acaba de ganhar uma versão em duas línguas, espanhol e português. Na noite de ontem, o Núcleo de Estudos Fronteiriços abrigou a cerimônia de lançamento do livro e uma sessão de autógrafos protagonizada pelo editor da obra, o santanense Sergio Rosa de Paiva. O livro, com tradução do também santanense Paulo Bentancur, será distribuído gratuitamente nas escolas, bibliotecas e CTG’s. “São 3.000 exemplares, que a partir de agora irão ganhar o mundo de forma gratuita. Em breve, iremos lançar também uma edição comercial desse mesmo produto, porém, com pequenas alterações simples, como um relevo na capa, por exemplo.

O livro de José Hernandez, o Gaúcho Martin Fierro, teve seus escritos iniciados em Sant’Ana do Livramento, no século XIX. Hernandez, um fugitivo que se escondeu na Fronteira, conseguiu traduzir em palavras a alma do homem que cruzava campos e escrevia sua história, com base na pura essência. Para o editor, Sergio Rosa de Paiva, esse é um presente para todos os fronteiriços, que ganham agora a chance de compreender melhor o significado de alguns termos, que mesmo escritos há muitos anos, tornam-se cada vez mais atuais.

“Decidi pegar uma linha de livros que falasse das coisas do Rio Grande do Sul. Temos essa identificação com a obra de José Hernández porque resolvemos traçar essa linha do campo. Além disso, Sant’Ana do Livramento tem uma situação nata, que não foi orquestrada de maneira alguma, que é a literatura. Essa é a cidade que tem o maior número de patronos da Feira do Livro: quatro. Temos o Paulo Bentancur, que tem quatro prêmios Açorianos, e isso faz com que a gente trabalhe bem. O Martin Fierro, para todos nós, é importante, ainda mais para nós santanenses. Tenho minha vida em Livramento, todas as minhas contas aqui, meus cavalos e cachorros, e o Martin Fierro é assim, tem influência sobre nós. Jaime Caetano Braun, que é aquele que mais se aproxima de Hernández, tem influência do Martin Fierro”, disse o editor do Livro, Sergio Rosa de Paiva.

Ao ser questionado sobre a facilidade que as pessoas poderão ter a partir de agora, ao receber uma obra traduzida para o português e que tanto fala do cotidiano do gaúcho, Paiva disse que o que está sendo trazido é um entendimento para a realidade. “As pessoas vão poder ter um entendimento maior, porque as palavras em português são mais familiares. As pessoas que não têm familiaridade com o espanhol, têm uma dificuldade muito grande de entender os termos. Mesmo para nós aqui da Fronteira, algumas palavras soam estranhas. A maneira de divulgar, popularizar e democratizar esse ensinamento do Martin Fierro, que é uma Bíblia, é justamente essa, ou seja, um livro bilíngue”.

Martin Fierro é literalmente o livro sagrado dos gaúchos ? “O ser humano tem as mesmas necessidades que tinha, e o Martin Fierro representa uma época cuja interpretação pode ser puxada para nossa vivência. Coisas reais estão escritas ali e se tornaram muito verdadeiras. A história do emprego, do empregado e do patrão, ou seja, todas as posições que a vida leva tornam esse trabalho atual. Não é a melhor tradução do gaúcho, mas a melhor tradução do momento em que o livro foi escrito, isso com certeza. Hernández, quando veio para cá, fugido após uma tentativa fracassada de golpe, conseguiu traduzir um cotidiano que necessitava de uma repercussão da época”, afirmou Paiva.

Significado

“Para mim, essa obra tem um significado muito especial. A gente, morador da Fronteira, tem um uruguaio dentro, e hoje esse processo de identidade de Fronteira está carregado de orgulho. É da Fronteira que saem os grandes pensadores, e hoje temos um grande orgulho de mostrar esse sotaque”, afirmou o editor, durante o lançamento da obra, que reuniu convidados e autoridades na cerimônia ocorrida na noite de ontem.

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