O povo e os bons índices de Dilma

Desde Fernando Collor – passando por Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula, pela ordem – nenhum deles conseguiu números tão significativos quanto acaba de obter a presidente Dilma Roussef: 59% de aprovação (ótimo/bom), ao fim do primeiro ano de governo.

A pesquisa é do Datafolha e mostra que apenas Lula chegou perto, com 50% de aprovação ao final de um ano de mandato. Depois vem Fernando Henrique Cardoso, com 41%.

Dilma já mostrou que é diferente de Lula. No jeito de ser com os políticos e no jeito de governar.

Lula tem mais gosto pelos bastidores da política, Dilma prefere ser a grande gerente, apraz-lhe o exercício de governar.

Os índices, por isso, não surpreendem.

A economia vai muito bem, há pleno emprego, o poder aquisitivo de uma grande faixa da população aumentou e há uma nova classe chegando ao mercado, com capacidade de comprar.

A oposição está nocauteada, no canto do ringue.

A sensação que se tem é que sequer ela existe.

Quem era já não é.

Veja-se Kassab. Ninguém mais diferente que o PT do que ele, que saiu do DEM e teve capacidade de juntar meia centena de parlamentares de vários partidos, para fundar o PSD.

Todos querem uma aproximação com o Planalto, quase todos desejam apenas e simplesmente aderir ao poder, de olho nas eventuais benesses do governo. Para isso, o partido não é de esquerda, não é de centro, muito menos de direita, já disse Kassab. É a favor.

Resta o PSDB. Mas o PSDB continua atrapalhado consigo mesmo. Tudo indica que já passou a vez de José Serra ser candidato à presidência, mas ele insiste. Fernando Henrique Cardoso acaba de dizer isso numa entrevista à revista inglesa The Economist:

- Aécio Neves é o candidato óbvio à presidência.

E essa declaração causou furor entre os caciques do partido.

A pesquisa do Datafolha tem outras constatações interessantes, entre elas o otimismo dos brasileiros.

A grande maioria (60% dos entrevistados) acredita que a situação econômica pessoal vai melhorar ainda mais, na esteira da melhoria da situação da economia do país (46%).

Esta é a hora de Dilma.

Com esse prestígio e com sua capacidade de gestão, ela poderia fazer o indispensável: uma ampla reforma nas arcaicas e caras estruturas do governo.

Quem sabe reduzir a carga tributária? Quem sabe eliminar um bom número de funções gratificadas e cargos em comissão, usados para brindar os companheiros?

Quem sabe mudar os rumos da educação, da segurança e especialmente da saúde?

Há poucos dias, depois de sofrer um infarto, morreu por falta de atendimento nos hospitais de Brasília um categorizado funcionário do governo. Duvanier Paiva Ferreira era nada menos que o Secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento.

O exemplo do caos na saúde do país está na porta do palácio.

Basta querer a mudança.

E o povo, agradecido, aplaudiria.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.