O exemplo mora ao lado

Como único jornal bilíngue do Brasil, A Plateia se destaca por trazer em suas páginas o português e o espanhol escritos por redatores brasileiros e uruguaios. Claro, cada um faz a sua parte. Os repórteres que fazem a cobertura do cotidiano de Rivera são os encarregados do caderno que sai todos os dias com oito páginas escritas no idioma castelhano. Naturalmente, procuramos estar sempre em diálogo, uns com os outros. A troca de pautas e assuntos é importante, na medida em que podemos enxergar o outro lado da Fronteira da Paz, e vice-versa.

Ontem, foi recolocada em seu devido lugar a imagem de Nossa Senhora do Livramento, no Santuário dedicado a ela em um dos pontos mais altos de Sant’Ana do Livramento, o Bairro Planalto. O espaço vazio foi recheado. As coisas estão voltando para o seu devido lugar. Para quem quer rezar ou, no mínimo, contemplar a bela vista (privilegiada) desde o Planalto, há uma companhia, estática é verdade, mas que voltou para o lugar que sempre ocupou.

Infelizmente, o Santuário tinha virado sinônimo de depósito de lixo e lugar para exposição de grafite mais rústico, que para um leigo seria algo como pichação. Em primeiro lugar, mantemos nossa campanha por uma cidade cada vez mais limpa. Ainda que a secretaria de serviços urbanos esteja ciente de sua parte no processo, na medida em que precisa manter a cidade limpa diariamente, acreditamos na comunidade santanense, no seu poder de abertura de consciência para a tomada de um novo rumo. Em segundo lugar, não somos contra o grafite, isto é, aquela arte das ruas que é uma expressão de arte, assim como um texto, uma música, um quadro artístico. Porém, pensamos que cada coisa deve estar em seu lugar. Quantos muros não estão aí espalhados pela nossa Sant’Ana do Livramento clamando por jatos de spray para personalizar uma forma de expressão, que não encontra espaço em outras plataformas por aí.

Voltando à conversa com os colegas de A Plateia, perguntamos a eles sobre o Santuário dedicado a La Virgencita. Se, de alguma forma, não cabia matéria sobre a conservação daquele lugar do outro lado da Fronteira. Não nos demos conta de que para os riverenses isso é algo normal. No entanto, e de outra forma, o exemplo de La Virgencita serve como referência para nós, santanenses. A conservação deste lugar simbolicamente importante para os uruguaios mostra que temos muito o que aprender. Cada coisa precisa estar em seu lugar. O lixo nas lixeiras e nos aterros sanitários, o grafite nos muros que estão vagos por diversos cantos de Livramento e os santos e santas nos locais demarcados para homenagem a eles. Sendo assim, não custa admitirmos que, em matéria de educação e respeito, ainda andamos atrás de nossos co-irmãos e vizinhos de allá.

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