Tenha parcimônia

Entrou janeiro, o calor veio rachando, o Gauchão começou, o Internacional de Porto Alegre (RS) pode vender D’Alessandro a qualquer momento; enquanto isso, Adriano (o Imperador) falta aos treinos do Corinthians e em Livramento um empresário é morto por uma richa. Que mundo pequeno! Enquanto tudo isso acontece, a Terra gira, a vida não para, o dia a dia flui, o domingo passa, a missa acontece e a segunda-feira chega; é amanhã. Nada melhor do que revermos nossos valores. Ah, e como eles precisam ser revistos!

Quantas vezes muitas pessoas já não brigaram ou se ofenderam ou, ainda, se desrespeitaram por causa do futebol? Com certeza, inúmeras vezes. Aquela reunião entre amigos que começou com uma junção para ver mais um Gre-Nal pode ter acabado em confusão, para não dizer no tapa. Na universidade mesmo, não são raras as brigas entre colegas tendo como causa as discussões futebolísticas. Devemos manter a parcimônia no futebol. Não que tenhamos que nos desligarmos dele; quem gosta, gosta. Se desligamento fosse o caso, há a opção de trocar de esporte. O MMA (Artes Marciais Mistas), por exemplo, se profissionalizou como nunca, mais pessoas foram atraídas para o esporte e, inclusive, a Rede Globo chegou a transmitir uma luta de Anderson Silva, uma espécie de spider-man brazuca.

O MMA é um grande exemplo de parcimônia, por mais rude que sejam as lutas no tatame. Claro, às vezes, os lutadores exageram. No entanto, existem regras que delimitam o campo de ação de cada desafiante. Falar em MMA e Anderson Silva lembra o Corinthians, clube da famosa arena que será o palco da abertura da Copa do Mundo do Brasil, em 2014. Corinthians lembra os cerca de R$ 1 bilhão que serão investidos em seu estádio; Corinthians lembra as imprudências do Imperador, faltando a treinos e envolvido sempre em confusão.

Já diz a pintura de um muro em nossa capital, Porto Alegre (RS): “Enquanto tu grita gol, eles te exploram”. Como dito, não que tenhamos que ser radicais e abandonarmos nossos gostos, no entanto, precisamos desfrutar com moderação. Nas próprias relações isso é preciso. Vejamos o exemplo da morte de Alexandre Thomaz da Maia: ainda que se tenha apenas um suspeito do assassinato, o passado revela uma possível richa dos vizinhos em razão de animais que teriam cruzado a fronteira que separava sua casa da de seu vizinho ao lado. Independentemente de quem tenha matado Maia, essa situação serve como exemplo de que mesmo os pequenos conflitos podem ser combustível para episódios posteriores, mesmo que apenas na interpretação dos fatos.

Se a interpretação já sugere desdobramentos radicais, é porque eles podem existir e, portanto, podemos viver com parcimônia para tentar coibi-los, seja a partir de um desacordo entre vizinhos, seja pelo descontentamento com a opinião alheia, seja pela má gestão do futebol, seja por que o outro não compartilha conosco a mesma ideia.

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