Os estranhos ministros sem função
Lembram do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel?
im, aquele que se atrapalhou nas explicações sobre as “consultorias” por ele prestadas a empresas e à Federação das Indústrias de Minas Gerais, depois de deixar a Prefeitura de Recife e antes de se tornar ministro.
Não, ele não deixou o governo.
Blindado pela presidente Dilma Roussef, porque ele é um dos homens de sua confiança, Pimentel desapareceu do noticiário. Embora prestigiado pela presidente.
A “bola da vez”, agora, é o pernambucano Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional.
Começou com a revelação de que ele enviou para seu Estado natal e berço eleitoral a maior parcela de verbas do Ministério.
Bezerra se defendeu, dizendo que Pernambuco não pode ser discriminado pelo fato de ser ele o ministro. Não colou.
O governador Eduardo Campos, do PSB, o partido do ministro, saltou em sua defesa, irritado. E a presidente, porque precisa do apoio do partido e de seus deputados, também o prestigia. Pelo menos por enquanto.
Acontece, no entanto, que outras denúncias começaram a pipocar na imprensa, entre as quais o favorecimento a seu irmão, funcionário da Codevasf e até terça-feira presidente da empresa.
Nesta semana surgiu nova denúncia: o ministro está sendo investigado em quatro ações civis públicas do Ministério Público Federal, por suspeita de improbidade administrativa, ao tempo em que foi prefeito de Petrolina. E num dos casos, o que está em exame é um convênio justamente com a Codevasf, do seu irmão, Clementino de Souza Coelho, ao tempo em que este era diretor de engenharia daquela empresa.
Entre as supostas irregularidades no convênio de R$ 24,4 milhões para construção de uma Estação de Tratamento de Esgotos Sanitários, está o pagamento por serviços não realizados, o que já havia sido apontado, aliás, em outro processo da Controladoria Geral da União.
Difícil prever se o ministro Bezerra vai resistir a tanta notícia ruim contra ele. Por enquanto, continua no ministério.
Tenho para mim, no entanto, que a sua sobrevida pode implicar, daqui para frente – depois da seca gaúcha e das enchentes no centro do país – na sua ausência do noticiário, a exemplo do que aconteceu com Pimentel.
E isso é péssimo para todo político.
Assim, tudo indica que vamos ter, a partir de agora, uma nova classificação para os ministros: os que permanecem em seus cargos, com trabalho e visibilidade; os defenestrados, ou que deixaram o governo “a pedido”, como é o caso de Palocci, Lupi, Orlando Silva, etc.; e os “prestigiados” ou ausentes, esses que passam a trafegar pela Esplanada dos Ministérios sem nada fazer – porque os encargos e controles de seus ministérios passam para a Casa Civil – e também sem serem vistos.
Serão estranhos ministros sem função.