OS CÃES …

Conheço vários casos em que os cães se sobressaem numa casa como guardiões fiéis, amigos e protetores.

Vou citar alguns:

Um amigo tinha um cão que vivia dentro de casa. Era como se fosse um membro da família, educado e obediente. Um dia chegou um sujeito estranho com quem anteriormente o dono da casa havia falado por telefone. Mandado passar para o escritório e sentar-se, estavam este sujeito, o dono da casa sentado atrás de uma escrivaninha e o cão, que se postara ao lado do forasteiro. De repente, de acordo com o rumo da conversa, o cão percebeu que o sujeito estava mal intencionado e imediatamente abocanhou suavemente o braço do indivíduo que, assustado, ficou pálido. Segundo relato do dono do cão, o sujeito estava realmente mal intencionado e pretendia prejudicá-lo num negócio. Mas devido à atitude do cão, pediu desculpas e foi-se embora.

Eu próprio tenho constatado que os cães onde moro percebem, mesmo lá do pátio, se é alguma pessoa conhecida ou algum estranho que chegou. Quando é alguma pessoa amiga ou conhecida – ficam calmos ou manifestam a sua alegria e o seu contentamento. Mas se é uma pessoa estranha ou desconhecida são capazes de captar mesmo de longe suas intenções e de reagir conforme o caso. No entanto, se tudo estiver bem e em paz, ficam tranqüilos. São formas de percepção que os cães de tal modo desenvolvem que são capazes de detectar qualquer coisa boa ou má que esteja acontecendo na cabeça das pessoas, no recinto da casa ou mesmo fora dele.

Infelizmente os cães muitas vezes são tratados com rispidez, como criaturas chatas, incomodativas ou impertinentes.

Mas, pelo contrário, são os cães da casa invariavelmente nossos melhores amigos, guardiães e protetores; são tolerantes, não são vingativos e não guardam nenhum rancor ou ressentimento das pessoas com as quais convivem, embora tenham excelente memória e o estranho poder de identificar em qualquer tempo, e este sim eles não perdoam: um inimigo da casa.

 

Os cães de rua também são assim, amigos de quem se lhes afeiçoa. Na Praça General Osório tínhamos a Preta, uma cadela negra, a quem os taxistas Luis Carlos, Diego, Cleber, Pablo, Motta cuidavam e o pessoal dos arredores da praça também costumava trazer alimentos. Até o Sr. Orestes Rosa Ilha, que morava longe dali, costumava vir visitar e afagar a Preta, trazendo-lhe algo de comer.

Em casa de uns amigos tem uma cadelinha que me faz muita festa quando chego lá. Quando me vê fica louquinha e não sabe o que fazer para me agradar. Se saracoteia, pula no meu colo, lambe-me as mãos, ou então deita-se no chão de costas e adora que eu a afague com a ponta do pé. Afeiçoou-se a mim porque a trato sempre com carinho, embora nunca lhe tenha dado um presente.

Aliás, acho que o melhor presente que poderíamos dar aos cães seria retribuir as lições de atenção, tolerância, humildade, resignação, compreensão, amizade, lealdade, carinho e gratidão que nos proporcionam.

 

Luciano Machado.

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