“Sou cartesiano, mas com pitadas de candomblé”. FHC, definindo sua personalidade no livro “A Soma e o Resto”

A MORTE DAS RODOVIAS

Os verões e feriadões nas rodovias brasileiras começaram a carimbar o visto de permanência da Morte para que esta figura sinistra paire sobre os motoristas irresponsáveis e os influencie a matar pessoas inocentes e eles próprios. Mal a estação de férias iniciou e aquela figura esquelética trajando uma longa bata negra com capuz e a foice na mão direita já tem suas vítimas anotadas.

Começou também para tristeza e lamento de todos nós a temporada de acidentes com turistas do Prata. Nesta segunda-feira, cinco mortes de cidadãos argentinos por uma ultrapassagem na BR-290 e uma batida de frente num ônibus da Empresa Planalto cujo motorista nada pode fazer, apesar de ter jogado o seu pesado veículo para o acostamento.

A Morte com sua figura iconográfica causa arrepios, mas é assim mesmo que ela é tratada pela mitologia e pela crença das pessoas. Muita gente não sabe o significado daquela foice e a sua simbologia. A foice, antes do advento das colheitadeiras, era o instrumento agrícola para o corte nas lavouras de trigo.

Trigo, na mesma linha mitológica, era o sinônimo da Vida. Ceifar vidas é uma superstição associada ao Anjo da Morte que as lendas inglesas definem como Grim Reaper, recentemente revivido em todo o planeta pelos livros de Harry Potter.

No Brasil, o trigo ceifado pela Morte pode ser substituído por vidas humanas que morrem em números tsunâmicos: no ano, mais de 40 mil pessoas vitimadas em nossas rodovias.

De nada adianta ter um policial rodoviário a cada quilômetro se motoristas brasileiros e vizinhos nossos, especialmente, da Argentina e do Uruguai também dirigem com pouquíssima responsabilidade e muita pressa em chegar aos seus destinos.

Dirigir um veículo é um ato unilateral de vontade que para ser responsável e civilizado exige não apenas conhecimentos técnicos de manejar, mas, acima de tudo, exige educação, formação ética que se traz de casa e noção de seu espaço numa via pública.

Vamos nos preparar para tragédias previsíveis e antecipadamente anunciadas, porque são repetitivas a cada verão que começa. Um motorista argentino, iniciando suas férias com sua família, matou-a toda porque fez uma ultrapassagem (é o relato dos passageiros do ônibus) irresponsável e não permitida. A Morte acaba de ceifar vidas na BR-290 quando nem ela mesma ainda estava preparada para sua tarefa macabra no verão brasileiro.

20 ANOS (1)

O Brasil tem uma excelente perspectiva pela frente, no entendimento do ministro da Fazenda Guido Mantega. Consolidamos um sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Estamos, portanto, em pleno crescimento, ao lado das potências consideradas emergentes (China, Índia e Rússia) e já deixamos para trás o Reino Unido.

20 ANOS (2)

Pleno crescimento, no entanto, não significa desenvolvimento. Pra que tenhamos desenvolvimento compatível com o crescimento econômico vamos precisar injetar padrão de vida para todos os brasileiros.

20 ANOS (3)

Guido Mantega admite que o Brasil é respeitado e cobiçado e os investimentos estrangeiros chegaram a US$ 65 bilhões. Mesmo assim, ainda vamos precisar dos próximos 20 anos para atingir um “padrão de vida semelhante ao europeu”. Isso significa que o Brasil ainda carece da presença oficial na educação, saúde, segurança e obras físicas de infraestrutura. E se nos livrarmos da corrupção sistêmica no mundo govrnamental, talvez o tempo de 20 anos possa ser reduzido.

MAS É DIFÍCIL

Num Brasil civilizado e com padrão de vida igual ao europeu, figuras como Jader Barbalho, por exemplo, não tomariam posse no Senado. Mas um país para ser plenamente desenvolvido e civilizado também precisa de eleitores que saibam escolher seus representantes.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.