“Estamos resgatando a Emater para melhor atender aos pequenos produtores gaúchos”

Lino de David, presidente da Emater-Ascar, ontem, durante entrevista na rádio RCC FM

O presidente da Emater-Ascar Lino de David confirmou ontem, em Livramento, o processo de recuperação e resgate da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural gaúcha. Ele participou de uma reunião regional na qual estiveram presentes todos os técnicos da região da Campanha e Fronteira Oeste com a finalidade de avaliar os avanços obtidos e os problemas e entraves que surgiram ao longo de 2011 e projetar 2012. De David informou que o planejamento para o ano que vem já foi concluído na escala macro, salientando que agora ocorre o processo de detecção das peculiaridades. “Passamos, agora, para o processo de análise visando detectar questões regionais, as peculiaridades para que as equipes técnicas possam se debruçar mais sobre esses pontos, justamente” – disse. Ratificou que a meta é a contratação de 200 novos funcionários para a empresa estatal, com a realização do concurso este ano e mais 200 em novo concurso público no ano que vem. “Pretendemos estabilizar o quadro funcional numa faixa de 600, chegando a 2.600 pessoas, acrescidas às 2.200 que atuam hoje. É uma meta no governo Tarso, pois assim será possível melhorar o atendimeto, com 2.600 trabalhadores é razoável” – salitenta. Sustenta que o processo de recuperação da Emater chega a uma outra etapa, sem problemas operacionais, com investimento de recursos.

“Estamos resgatando a Emater para melhor atender aos pequenos produtores gaúchos. Já conseguimos equalizar a situação financeira, trabalhando intensamente nos últimos seis meses, inclusive ampliamos o orçamento em 30% em relação ao ano passado. Agora, vamos em frente, trabalhar ao lado dos pequenos produtores” – disse.

 

LINO DE DAVID RESPONDE

AP – Qual a avaliação ao encerrar do ano na Emater?

Lino de David – O Rio Grande do Sul é diversificado e talvez seja o estado brasileiro que tenha o maior número de atividades econômicas produtivas e diversas etnias. Cada região tem um perfil social e técnico produtivo de atividades econômicas. Precisamos estar atentos a isso. De modo geral, exceto pelo arroz, as várias culturas geraram bons resultados. Feijão, soja, milho, fruticultura, gado de leite, gado de corte. Na Emater, precisamos estar preparados para responder ao que necessita o produtor assistido. Então, tem que entender de milho, trigo, arroz, fruticultura, hortas, enfim, tudo o que faz parte do conjunto de atividades econômicas produtivas. Exceto pelo arroz preço de comercialização, todas as demais atividades foram boas, da carne suína, bovina, leite, feijão, até a fruticultura, como a uva, muito cultivada aqui; deixando rentabilidade boa, e aqui na região a carne bovina tem peso importante. Estamos trabalhando agora, um programa importante, visando a pecuária familiar, com a finalidade de atender com tecnologia, assistência, pois quem tem 300 ou 400 hectares é considerado pequeno e precisa de melhoramento de pastagem, questão sanitária, melhoramento genético, organização, enfim, além do arranjo produtivo importante do leite. Penso que a atividade leiteira é muito importante por vários aspectos. Gera renda mensal, dá certa estabilidade, remunera mão de obra, tem rápida rotatividade, enquanto a lavoura de soja permite renda anual. A fruticultura entra bem nesta região e especialmente a uva pelo clima favorável, além de outros, como pêssego, melão, melancia, pêra. Muitos assentamentos estão aqui e precisam de diversificação das atividades, pois hoje em um hectare há rentabilidade para pequenos e médios produtores. Precisam incluir tecnologias como irrigação. Nosso planejamento deve ser focado nas peculiaridades para trazer alternativas e opções.

AP – E a estiagem?

Lino de David – Nós temos vivido essas questões com mais intensidade. É uma questão ambiental, antes de mais nada, do aquecimento global, efeito estufa, fenômenos La Niña e El Niño. É certo que hoje a ciência conhece melhor essas temáticas, mas já ocorrem significativas mudanças, gerando consequências sobre a produção. Há aumento dos casos de rebanhos de gado bovino sem água ou as famílias sem água potável. Tenho dito que o RS não pode pensar em irrigação para grandes culturas, como soja, miho – em que, juntos somam 5 milhão e 200 mil hectares – mas as outras culturas e atividades, horticultura, leite, todas intensivas são um grande caminho. Israel é um grande produtor de alimentos em cima do deserto, usando irrigação por gotejamento. Claro, há outras atividades que gastam menos água. Estrategicamente, precisamos começar a construir açudes, pequenos, médios e grandes, mas com a visão da multifuncionalidade da água. Tem que olhar para isso em conjunto como um programa, a Emater faz os projetos, providencia o licenciamento ambiental e temos duas secretarias a SDR e a de Obras, que pós- -licitação, executam a construção. Ou seja, os técnicos, a campo, avaliam, fazem o projeto técnico e a administração direta faz a obra. É um desafio, não se trata de uma solução milagrosa, é um processo de construção, porque em algumas regiões exigem barragens maiores, as quais exigem investimentos maiores. Mas, acima de tudo, esse é um caminho sem volta, do qual depende a estabilidade da nossa agricultura.

AP – Gentes e recursos. Hoje, qual a realidade da Emater?

Lino de David – Quando assumimos em janeiro, fui convidado pelo governador para assumir a Emater. Eu disse: “eu topo”, mas só fiz uma exigência. Já fui presidente da Emater no governo Olivio. Minha condição é: não quero gerar nenhum passivo adicional daqui para frente. A Emater estava em processo de sucateamento, com redução orçamentária, de quadro funcional, da capacidade operacional por uma visão de modelo de desenvolvimento, é uma concepção, claro. Temos outra concepção, porém. A assistência técnica, a extensão rural, é uma política pública, como saúde, educação, é continuada, pois a tecnlogia evolui. Os problemas surgem e precisamos resolver como em qualquer outra área, já que há desatualização técnica ocorrendo. A extensão rural determinante para outras áreas, seja para credito, assistência técnica, projetos de recuperação de assentamento, enfim. É importante para outras políticas de governo.

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