Advogados celebram seu dia e falam de desafios

Em Livramento, a OAB tem registrados 403 profissionais e promove eventos para festejar a data

Antonio Apoitia Netto, 76 anos, OAB número 3.548

Hoje é celebrado o Dia do Advogado. Profissão das mais tradicionais e prestigiadas, a Advocacia encara os desafios do novo tempo de globalização e informação e se preocupa com a qualidade do profissional do Direito. Em Livramento, segundo dados da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), são 403 advogados registrados. Na Universidade da Região da Campanha (Urcamp), onde é disponibilizado o curso de Direito, atualmente 350 alunos estão matriculados – 32 recebem o diploma do Bacharelado em dezembro. O que mais buscam, na opinião da pró-reitora do campus Livramento, Iara Cristine Brum Lappe, são as oportunidades decorrentes do curso. “O curso de Direito é importante porque, além da advocacia, é possível optar por outras carreiras – Polícia, Ministério Público – e concursos ligados à área jurídica. O curso abre portas e diversas oportunidades”, analisa.

Experiência e renome

Advogado dos mais antigos da Comarca, Antonio Apoitia Netto, 76 anos, lembra de quando se formou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Com registro da OAB número 3.548 (hoje, a Subseção está em 82.488), Apoitia Netto voltou à Fronteira e recorda que aqui trabalhavam poucos profissionais. “Hoje, vivemos um ambiente diferente. Naquela época, havia faculdade no interior apenas em Passo Fundo ou Santa Maria. Hoje, a profissão continua boa, mas o número de advogados é grande, a concorrência é maior, e diminuem as condições de trabalho”, resume. Atualmente aposentado, foi por mais de uma vez presidente da Subseção da Ordem em Livramento, e hoje é Conselheiro Seccional.

A primeira advogada

Kátia Chemeris, 67 anos, primeira mulher com registro da OAB na cidade

Kátia Vares Chemeris, 67 anos, detém o primeiro registro dentre as mulheres na Subseção da OAB em Livramento – número 5840, datado de 1971 e hoje já desativado. “Foi um pouco difícil, mas acho que teria sido mais se eu não fosse casada e não começasse a atuar junto com o meu marido. Não era fácil iniciar na carreira sendo mulher naquela época”, lembra a advogada. Quando Kátia formou-se, junto com o marido, Boris Chemeris, na faculdade particular de Passo Fundo, em 1969, o casal já tinha os dois filhos, Igor e Ivana, que não seguiram a profissão dos pais. Após 40 anos de atuação no Direito, Kátia se aposentou, mas ainda acompanha o marido ao escritório. “Virei secretária dele”, ironiza.

Durante a carreira, Kátia se dedicou exclusivamente às causas cíveis, com ênfase no Direito de Família. No início, ela e Boris trabalharam com o advogado Lúcio Soares Neto – que hoje dá nome ao auditório da sede da OAB (Casa do Advogado). Depois de dois anos como estagiários e outros dois como profissionais, eles montaram o próprio escritório. “Foi ótimo, agradeço a Deus pela oportunidade que nos deu”, manifesta. A primeira advogada da Comarca analisa o mercado da profissão hoje: “Está mais difícil de entrar, devido à dificuldade do exame da Ordem, mas isso é positivo. Quando comecei, éramos perto de 16 registrados na Comarca, sendo que apenas oito atuavam. Se conseguia bem mais trabalho que hoje”, aponta.

Exame da Ordem: indispensável

O presidente da Subseção da OAB em Livramento, Luis Eduardo D’Avila, assinala que o principal desafio da entidade é a garantia da qualidade dos profissionais. “É indispensável o exame da Ordem, para qualificação e nivelamento da classe – e não para, ao contrário do que outros pensam, reserva de mercado. A OAB não faz isso”, assinala. Recentemente, apenas um bacharel passou no exame, dentre 75 candidatos santanenses. O exame é necessário, segundo D’Ávila, também devido ao crescimento descontrolado dos cursos de Direito em todo o país – processo no qual a Ordem, em nível nacional, acredita merecer maior espaço. “A OAB teria que exercer um papel mais influente na criação dos cursos de Direito, junto ao MEC. Uma atuação com mais autonomia, inclusive poder de veto e não só opinião, pois alguns critérios exigem mais vigor”, analisa.

Outra questão enfatizada pelo presidente da Subseção diz respeito ao funcionamento da Justiça. “No Estado, temos 10,5 milhões de habitantes e cerca de 3,7 milhões de processos. Comprovadamente, não há como administrar isso. Os advogados devem estar junto aos demais operadores do Direito para buscar direção para o caos”, propõe.

 

 

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