A Praça dos Cachorros na mira do processo de recuperação

Audiência no salão do Júri do Fórum de Sant’Ana do Livramento, convocada pela juíza Carmen Lúcia Santos da Fontoura, contou com a presença de autoridades e convidados

 

Autoridades e convidados representantes de diversos segmentos da sociedade santanense, participaram da audiência ocorrida na manhã de quinta, no Fórum local

“Ainda que alguns tenham dito que a saída se deu ‘por livre e espontânea pressão’, a retomada da praça se deu de forma pacífica e isso nos deixa muito felizes. Esse primeiro momento aconteceu devido às funções de cada um. Agora, temos um outro motivo igualmente importante, que é a restauração do entorno da Praça dos Cachorros. Queremos devolver aquele local em condições para que as pessoas possam usar. Queremos estabelecer metas. Não vamos abandonar o barco no meio do caminho e vamos até o fim com o nosso propósito. Por isso, os senhores (convidados) foram chamados para estar aqui, hoje”.

 

Com essas palavras, a Juíza da primeira vara cível de Sant’Ana do Livramento, Carmen Lucia Fontoura, começou a reunião, ao dizer que entende que cada um dos presentes tem funções ou são pessoas influentes na comunidade e podem auxiliar nesse processo. “Estou aqui, hoje, para fazer um convite. Quero saber dos senhores se querem participar conosco desse processo que está indo além das nossas funções, e do qual temos o prazer de participar. Não é somente com aporte financeiro. Queremos a participação para discutirem conosco a restauração da Praça dos Cachorros e do seu entorno. A partir de hoje, queremos estabelecer grupos para fazer isso, se assim os senhores aceitarem. Agradeço a presença e repito que tenho muito orgulho por estar participando desse processo que me dá muita satisfação. Ao ver a felicidade das pessoas, quando puderam ver novamente a praça, fiquei muito satisfeita”, afirmou a Juíza. A magistrada disse que esse processo é extremamente importante para que o local possa ser integralmente devolvido para a comunidade santanense. 

Relatos

Cada um dos presentes no encontro e que participou da primeira etapa de retomada da praça Flores da Cunha, fez um breve relato destacando a importância da ação. “Vejo como algo positivo. Não foi fácil, mas o saldo é muito positivo. Vencemos apenas uma batalha, mas há agora um processo que segue. A saída dos camelôs da praça foi apenas o primeiro passo, mas acredito que temos condições de avançar para os próximos passos”, acrescentou o Delegado da Polícia Federal, Alessandro Lopes, ao frisar a importância da participação de todos no processo. Para o autor da ação, o Promotor Marcelo Gonzaga, a atitude começou a partir de um a mobllização da comunidade. “Esse trabalho demonstra que através da integração dos órgãos públicos e da sociedade civil, transcendendo qualquer interesse particular, é possível superar dificuldades em nome do interesse comum. Esse trabalho só obteve esse resultado que, apesar de provisório, é significativo, pela participação de todos os entes envolvidos. Agora, precisamos seguir trabalhando para que possamos ter a praça definitivamente restaurada, porque é um espaço que tem uma importância fundamental para toda a nossa comunidade. Agora, é fundamental que não se retroceda para que não haja comprometimento da credibilidade que alcançamos até aqui”, afirmou o Promotor. Marcelo Gonzaga disse, ainda, que a busca por um local definitivo para os trabalhadores é de extrema importância.

Para o Prefeito Wainer Machado, o próprio calçadão hoje está com outro visual. “O fator limpeza e a própria segurança estão fazendo a diferença naquele local. Nossa preocupação sempre foi ouvir todas as partes, e tudo conspirou positivamente e conseguimos fazer tudo dentro do prazo. Isso nos dá crédito. Agora, preocupados com a praça, precisamos de passos maiores, mais concretos para viabilizar todo o projeto. Agora vem a segunda etapa. Antes de encontrar o local ideal para os camelôs, queremos restaurar a praça. Eu já deveria ter mandado limpar a praça, varrer e pintar, mas quando escuto o relato do pessoal do Instituto de Belas Artes, e que trabalham conosco já há algum tempo, dizendo para não fazer nada e sugerindo a restauração, pensamos em dar esse passo importante. Estamos felizes por ter chegado até aqui, ao mesmo tempo em que agradeço pela compreensão da juíza que entendeu as nossas dificuldades e auxiliou a comunidade nesse processo de retomada”, frisou o Prefeito Wainer Machado.

Propósito

“Quero deixar bem claro que o nosso propósito não é criticar o município, mas queremos fiscalização o restauro da praça e concluir o nosso trabalho”, afirmou a juíza Carmen Lúcia Fontoura, ao perguntar para cada um dos presentes no encontro se estes gostariam de fazer parte do grupo a partir de agora. “Aquilo ali não é apenas uma praça, mas sim uma paisagem. É preciso não recuperar apenas a praça, mas todo o seu entorno com as fachadas dos prédios que também fazem com que aquele local se torne realmente único”, acrescentou o arquiteto Leonidas Bayó representante da Intendência Departamental de Rivera.

Resposta uruguaia

A grande surpresa da audiência ficou por conta das explicações dadas, quando questionado, pelo arquiteto Leonidas Bayó da dirección de obras de Intendência Municipal de Rivera.

Ao ser consultado sobre o projeto de Rivera, ele afirmou que ficou pronto na semana passada e que custará U$ 400 mil dólares e reabrirá a avenida 33 Orientales. “Vamos cumprir mais acertadamente o acordo da linha de Fronteira, de acordo com seus tratados. Vai ter um pavimento contra a linha, depois a faixa da rua e terá um canteiro central relativamente largo onde haverá um teto leve, alto e transparente metálico, onde será dado espaço para ter postos de vendedores. Aí há um detalhe interessante, temos que distinguir entre o formal e o informal. Nós optamos por reduzir o espaço a um armário metálico com 1,50 mt que ficará como se fossem gôndolas que poderão ser utilizados pelos trabalhadores. Esse, resumidamente, é o nosso projeto. Ele também inclui um aporte de assistentes sociais que irão ajudar as pessoas que estão ali a formalizarem-se. Queremos que eles tenham um dia seguro de saúde, aposentadoria, que na verdade é um problema social, porque ali poucos são proprietários. A grande maioria são empregados da banca e sabemos que isso é um problema.

Tempo de previsão, início das obras, onde serão colocados os trabalhadores, qual o planejamento ?

“A gente não vai esperar pelas respostas do Fundo de Desenvolvimento do interior, porque, provavelmente, temos que fazer ajustes. Paralelamente ao trâmite, já começamos a fazer as licitações das partes do projeto. O projeto foi pensado para que possa ser construído separadamente. A parte mais grossa do projeto é reabrir a rua, o que significa quebrar, escavar, e recolocar o piso. A nossa ideia é que comecemos em janeiro ou fevereiro, mas paralelamente, toda a construção das peças que formarão o passeio já pode se dar. Pensou-se em colocar os camelôs, durante a obra, no Parque Internacional, porque a maioria dos lugares livres ali perto são públicos e ficam em frente às lojas. Isso ainda não está perfeito e pode haver mudanças”, afirmou Leonidas Bayó.

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