“Só há um caminho: melhorar a gestão”. Jorge Gerdau Johanpetter, falando sobre o governo Dilma
A COPA É NOSSA…
É o que dizem aqueles que já se programaram para meter a mão no dinheiro que vai rolar para as obras da Copa do Mundo de 2014. A decisão da Fifa em trazer para o Brasil a Copa de 2014 foi em outubro de 2007. Quatro anos depois, as obras se arrastam e a corrupção corre solta entre as dotações orçamentárias.
Quase todas as obras tem projetos políticos e raríssimos projetos executivos. Qual a diferença? Projeto político de uma obra é aquele que é feito sobre as pernas (nas coxas, diriam os mais audaciosos), com promessas e fotos de maquetes fajutas. Não é sério porque fala-se num custo estimado com possibilidade de adendos aos contratos que serão firmados com muita divulgação pela mídia.
Projeto executivo é aquele que mostra uma obra na sua real possibilidade de ser concluída com responsabilidade de quem sabe sobre o que está falando. São raras as obras públicas brasileiras que chegam ao seu final dentro do prazo e com um acréscimo na despesa que não exceda a 20%.
A Copa de 2014 é um projeto político sem qualquer compromisso com projetos executivos. Caso contrário, não estariam as obras sendo tocadas com dispensa de licitação e com seus orçamentos originais estourados e em processo de superfaturamento.
Entre tantos exemplos de “erros” nos custos de obras para o evento, temos um, aqui em Porto Alegre: o prolongamento da Avenida Severo Dullius ficou 70% mais caro. Como é possível que uma obra, de uma hora para outra, passe a custar quase o dobro? Quem fez o primeiro orçamento da avenida? Com todo respeito, onde o autor do “projeto” foi buscar seus custos iniciais? Era um principiante? Ou apenas chutou?
Aí está uma boa oportunidade para o prefeito José Fortunatti explicar a confusão sobre o custo da Avenida Severo Dullius. Nesta segunda-feira, na Rádio Guaíba, Cláudio Abramo, presidente da ONG Transparência Brasil, referiu-se ao descontrole das obras da Copa por falta de fiscalização do poder público.
Para evitar o desperdício – e a corrupção inerente – Cláudio Abramo disse que a imprensa tem a missão de promover a ajudar no controle dos gastos, divulgando números e cobrando fiscalização. É o que estamos fazendo.
O AUMENTO
Num primeiro levantamento das obras da Copa, considerando-se os “projetos” originais, o custo apenas dos aumentos já supera os R$ 2 bilhões.
BEIRA-RIO
O projeto original da reforma do Estádio Beira-Rio custaria R$ 130 milhões. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo o orçamento já pulou para R$ 290 milhões.
EXPLICAÇÃO (1)
O Ministério das Cidades explicou que os custos de algumas obras de mobilidade urbana subiram por que houve alteração nos valores das obras à medida que se desenvolvem os projetos e o detalhamento das desapropriações.
EXPLICAÇÃO (2)
Aí está um exemplo de projeto político. Quando as obras começam, aparecem as novas despesas que não foram calculadas através de um projeto executivo. A improvisação é uma característica dos gestores públicos nacionais.
MANCINI (1)
O jogador Mancini, atualmente no Atlético Mineiro, foi condenado a dois anos e oito meses de prisão por crime de agressão sexual e lesão corporal cometido quando atuava na Inter de Milão. A vítima seria uma modelo brasileira que estava numa festa organizada por Ronaldinho Gaúcho quando era colega de Mancini, na Inter.