Interesses comunitários

Apesar de que seja agora do conhecimento público o atual estágio bastante quase de conclusão das obras da nova UTI Tipo 2 do hospital Santa Casa de Misericórdia, ainda é motivo de preocupação da comunidade a forma quase leniente como se arrastam os processos para o atendimento de necessidades básicas e inarredáveis da população. A nova UTI chegou a ser anunciada, ano passado, para fevereiro do ano que finda – e ainda não se concretizou. É natural que isso seja motivo de grande preocupação para todos. A população precisa dessa segurança. Ainda que se reconheça a complexidade dos processos no setor público, é inaceitável o fato de que, por se tratar de um benefício tão representativo para a qualidade de vida da população quanto a saúde, alguma coisa deveria ser feita para acelerar a tramitação dos necessários documentos. Há pouco a sociedade gaúcha – e brasileira – teve uma demonstração do quanto pode ser negativo o relaxamento em relação aos processos públicos, com o caso de repercussão nacional da jovem grávida que teve de viajar 600 km para dar à luz os filhos gêmeos. E tudo porque uma completa e moderna estrutura hospitalar estava pronta, a uma pequena distância da cidade onde mora a jovem, e só não havia sido inaugurada porque a boa vontade das pessoas – e sua necessidade de um atendimento digno – não havia conseguido superar o emaranhado de enredos burocráticos. O fato é que essa preocupação comunitária não pode ser simplesmente ignorada. Diariamente, os veículos da imprensa e os próprios profissionais da área da saúde estão falando sobre os riscos que o cidadão corre atualmente por não possuir uma UTI no hospital que atende ao segmento público. Apesar de que a Santa Casa seja uma instituição de direito privado, a comunidade sempre esteve junto com o hospital, sempre apoiou nos mais difíceis momentos, e não é justo agora que a população fique à mercê da sorte simplesmente porque se precisa cumprir prazos legais. No caso da gestante que viajou 600 km, também havia um emaranhado de enredos burocráticos, só que, devido à repercussão na mída, eles foram repentinamente desenredados, sem problemas.

Felizmente, graças a medidas técnicas e administrativamente bem fundamentadas, a Santa Casa hoje alcançou um novo status de qualidade e excelência administrativa que lhe confere certa tranqüilidade em termos financeiros. Está pagando em dia, recuperou sua estrutura, avança rapidamente para novos patamares de classificação na área do serviço público de saúde. Em outras palavras, o hospital Santa Casa de Misericórdia tem tudo para ser um orgulho para nossa comunidade. E é. Mas, infelizmente, continua enfrentando problemas corriqueiros como o da burocracia pública que atrapalha esse crescimento e essa qualificação. A UTI é um exemplo. O que se espera é que, seja a direção administrativa, seja a provedoria, seja o Poder Público ou mais uma vez a comunidade organizada em mobilizações coletivas como as que se tem visto ultimamente, se encontre uma maneira de conduzir com tranquilidade e responsabilidade o processo necessário para o atendimento dessa demanda. É uma questão de interesse de toda a comunidade, e por isso é importante que a comunidade esteja bem informada sobre todos os aspectos reais dos fatos ocorridos. E sobre as atitudes tomadas a respeito. São situações que se apresentam no cotidiano de uma sociedade e que exigem muita, mas muita mesmo, capacidade de pensar o coletivo, de respeitar e agir em prol do interesse da maioria, mesmo que isso signifique muitas vezes desistir temporariamente ou simplesmente postergar sonhos individuais. Certamente, sonhos louváveis, que futuramente podem vir a ser importantes para o desenvolvimento da comunidade como um todo. Mas, principalmente quando se trata de vidas humanas, o tempo urge e a premência do tempo se torna inegociável. A lei, as regras sociais, enfim, sempre são feitas com o objetivo de ajudar a população a viver melhor. Por isso, fica difícil para qualquer cidadão aceitar que não exista uma forma de transpor os entraves que impedem ou atrapalham tanto a realização de uma obra que é, literalmente, tão vital para a comunidade santanense.

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