“Ele mandou um recado para os filhos não faltarem às aulas”. Victor Poubel, delegado da PF, sobre o telefonema do traficante Nem aos seus sete filhos, da delegacia onde estava preso

E SE NEM FALAR?

O traficante Nem está preso e há quem acredite que poderá ficar muito tempo na cadeia, pois recai sobre ele a responsabilidade pela morte de 50 pessoas. São assassinatos típicos do mundo das drogas: desacerto, vingança, prestação de contas mal feita, controle territorial, concorrência, etc.

Mas Nem é um arquivo vivo que a polícia decente do Rio de Janeiro gostaria muito de acessá-lo e essa possibilidade só se concretizaria com uma confissão que valha a pena colocá-lo no programa da delação premiada.

Seria o traficante um poderoso chefão ou apenas um poderoso operador no mercado consumidor das drogas? Até onde se sabe, Nem não saia da Rocinha para fazer grandes importações de pasta de cocaína. Na favela, ele produzia o pó maldito num laboratório de refino, mas a matéria prima vinha de longe: Peru, Bolívia e Colômbia.

O trabalho mais importante das autoridades é descobrir quem são os grandes barões da cocaína, da maconha e das armas que chegam aos morros cariocas. Como nos filmes ou no excelente livro “Cobra”, de Frederick Forsith (vale a pena pela história que funde realidade com ficção sobre o comércio mundial de drogas), há os operadores e os grandes financiadores. 

A prisão de Nem poderá até ser inútil se as autoridades não convencerem o traficante a falar tudo o que sabe sobre seus negócios. O negócio das drogas é como o vôo migratório dos gansos selvagens. O líder vai na frente e quando cansa é substituído por outro para tomar um lugar no grande vácuo produzido pelo vôo, onde estão os pássaros esgotados.

Na Rocinha já se fala em outras lideranças para o lugar de Nem, pois a vida continua e os viciados precisam do produto e da logística de distribuição. A própria polícia vai medir o prejuízo da prisão e se houve uma reposição no organograma do tráfico.

A invasão do Complexo do Alemão não afetou a produção/distribuição e o preço não subiu aos compradores da Zona Sul. Se Nem falar, poderá ocorrer um grande prejuízo no negócio e também na banda podre da polícia carioca. Convém não deixar em segundo plano a declaração do traficante que afirmou gastar quase metade da movimentação do seu fantástico empreendimento (drogas, comércio de gás, transporte de passageiros em vans clandestinas e mototáxis no morro) no pagamento a policiais corruptos.

SOBRE A POLÍCIA

“Pago muito por mês a policiais. Mas tenho mais policiais amigos do que policiais a quem pago. Eles sabem que eu digo: nada de atitar em policial que entra na favela. São todos pais de família, vêm para cá mandados, vão levar um tiro sem mais, nem menos?” É o Nem falando à jornalista Ruth de Aquino da revista Época.

PARA COMPREENDER

Os policiais que recebem do traficante Nem são fiéis ao seu patrão. Será que ninguém via lá de cima, voando nos helicópteros, as belas residências no meio de casebres da Rocinha? Uma piscina se vê de longe. Não chamaria a atenção de um bom policial como poderia haver piscinas e decks entre modestíssimos puxados com tijolos à vista por falta de reboco?

OPORTUNISMO

Primeiro foi o PSB querendo filiar o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, para concorrer a prefeito em 2012. Agora, o PMDB tenta o concurso da esposa de Beltrame, Rita Paes, para disputar uma vaga de vereador. Ambos negaram-se a qualquer filiação partidária. Partidos sem quadros sempre caem nessa esparrela.

 

CHOQUE NA BANDIDAGEM

A Guarda Municipal de Porto Alegre está treinando 150 servidores no uso das Tasers, pistola que dispara uma carga elétrica paralizante num possível agressor. Segundo o secretário municipal de Segurança Nereu D’Ávila foram compradas 80 pistolas, algumas já em uso pela Guarda no patrulhamento do Parque da Redenção.

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