Câmara do arroz define 11 projetos para reduzir gargalos

Entre os planejamentos em curto e médio prazo foram destacados a definição prévia dos mecanismos de compra e venda do grão e uma campanha de consumo

Câmara Setorial espera concluir, nos próximos seis meses, 11 projetos para um "alinhamento estratégico” do setor. Foto: DIVULGAÇÃO

Com o intuito de desfazer alguns gargalos e trazer uma renda melhor aos rizicultores brasileiros, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz do Rio Grande do Sul espera concluir, nos próximos seis meses, 11 projetos para um “alinhamento estratégico do setor”. Entre as propostas a serem apresentadas em curto prazo, estão: mecanismos governamentais de comercialização do grão, identificação de culturas aptas ao plantio em áreas de arroz e campanhas para ampliar o consumo do cereal no País.

A Câmara, que é liderada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (Seapa), definiu onze projetos que foram designados a grupos de trabalho e estipulou prazos para a execução dos referidos projetos nos eixos da produção, da indústria e da comercialização. “São propostas muito ambiciosas, sabemos que isso levará tempo, mas a orientação é estabelecer a descrição de cada problema e gargalo para traçarmos estratégias para resolver o problema”, contou o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), André Barretto.

Entre os temas discutidos durante a segunda reunião ordinária da Câmara, que aconteceu nesta terça-feira, estão a capacitação dos produtores na gestão de seus negócios, a identificação de atividades com potencial de exploração nas áreas de arroz, aumento do programa de incentivo de armazenamento de grãos na propriedade rural e cooperativas. “O ponto que queremos definir já para a próxima safra é o uso alternativo do arroz. Pensamos também sobre o uso de soja em áreas de várzea, inclusive com o desenvolvimento de máquinas específicas para isso”, comentou o presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira.

De acordo com ele, além de encontrar e desenvolver outra cultura a ser plantada em áreas de arroz, que geraria uma segurança maior ao produtor, o uso do cereal para produzir etanol também é uma boa alternativa. “Existem muitas alternativas para o rizicultor não depender única e exclusivamente da cultura, e essa é a ideia desses grupos de trabalho”, frisou.

Outro projeto que deverá ser apresentado em curto prazo, e que foi bastante debatido no encontro, é o dos mecanismos de comercialização da safra, disponibilizados pelo governo federal. Para o presidente da Abiarroz, os mecanismos precisam ser definidos pelo Ministério da Agricultura no começo do ano, antes mesmo do início da safra. “O governo federal e o Mapa precisam definir, prioritariamente e antecipadamente, os instrumentos de comercialização que estarão disponíveis para o ano”, comentou Barretto ao DCI.

“E para isso é preciso avaliar três aspectos, a oportunidade, ou seja, não adianta colocar o instrumento após a queda do valor, é mais fácil manter do que recuperar. Em segundo lugar, precisa ser suficiente, pois o volume de recursos financeiros precisa dar resultados. E por fim precisa ser um instrumento adequado para a situação, não adianta vir com aquisição direta de produto com garantia de preço mínimo, na hora que o preço está acima do mínimo”, disse Barretto,

Para o presidente do Irga, Cláudio Pereira, o que o governo pode antecipar é o tipo de mecanismo de comercialização, ou seja, o Prêmio para Escoamento do Produto (PEP), o (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), ou o Aquisição do Governo Federal (AGF). E a quantidade de repasses financeiros para o ano. “O que o governo não consegue antecipar é quando usar, e a quantidade de produto envolvida. Mas esse projeto é um dos mais curtos, e deverá ser apresentado em 30 dias.”

Já os projetos mais longos remetem à infraestrutura portuária, e integração dos modais de transporte, ferrovias, hidrovias e rodovias. “Nós vamos definir uma estratégia de ação junto à administração do Porto de Rio Grande, o Ministério de Portos e o governo do estado, para saber o que é necessário para melhorar o acesso e o escoamento no porto. E a partir daí vamos criar ações para isso. Esse projeto é o mais longo e deverá ser apresentado em seis meses”, garantiu Pereira.

Por fim, os executivos das entidades comentaram que esses projetos não significam a resolução dos problemas, mas o primeiro passo para o rizicultor.

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