Noite de autógrafos para lançamento da obra “Resteva”, do médico Getúlio Neves
Sala Cultural sediou evento que atraiu grande público para conferir o fim da trilogia
Getúlio Neves, nos momentos que antecederam a sessão de autógrafos da sua obra
Resteva, além de ser o que sobra da colheita, nos diz que é a terra (o homem, e não apenas o cultivo, sua criação) o importante para o poeta. Ou, em outras palavras, em seu livro, mais que em qualquer outro, o autor e suas circunstâncias estão no centro da criação. Nele, o amor, o pampa, a cidade e suas praças, a meiga observação da natureza e dos tipos fronteiriços se alternam em um misto de humor e amargura.
Descontração: convidados ‘disputaram’ lugar na fila pelo autógrafo
Em “Resteva”, Getúlio Neves encerra a trilogia iniciada por “A ira do silêncio” e “Águas siladas”. Nos três volumes se estabelece como um criador singular, com voz própria e universo definido. Em sua obra, revela-se como um poeta existencial, em algumas ocasiões árduo, em outras cáustico, mas invariavelmente terno.
Getúlio Ellwanger Floriano Neves, natural de São Sepé. Doutor Getúlio, como é chamado, há muitos anos exerce a medicina em Livramento. Começou a escrever poesias nos anos 70, ao ser desafiado por Laci Osório, para que fizesse versos melhores que os dele.
“Na década de 70, eu estava atendendo uma senhora idosa em Rivera e umas crianças estavam recitando umas quadrinhas, perguntei e elas disseram que haviam aprendido com seus pais, em Portugal. Bem, a senhora faleceu, e as quadrinhas ainda seguem entre nós, assim como veio se perpetuando pelos últimos 200 anos. Com isso, quero dizer que a poesia dura mais que a carne e por isso sigo fazendo poesias”, destaca Getúlio Neves.
Em outro momento, Getúlio destacou que a poesia é o relato da solidão. “Ali refazemos um poema de 50 a 100 vezes, podem acreditar, é verdade, para chegar à conclusão de que aquilo não era poesia. Um ou dois meses de trabalho, a vida é curta e a arte é longa. Entretanto, seguem surgindo poetas”, filosofa o médico em um dos momentos de sua explanação inicial.
Agradecimento
Getúlio Neves destacou todas as pessoas e entidades que o apoiaram durante a realização da obra literária. “Eu agradeço o apoio da Mike, pela presença constante e indispensável do primeiro ao último poema. Agradeço à Cecília Amaral e à Maria Regina do Prado Alves, da nossa Academia de Letras.
Momento de agradecimento: Getúlio agradece à esposa, sua “musa inspiradora”
Para Maria Regina do Prado Alves, que teceu uma crítica sobre a obra, escrever poesia requer sensibilidade. “Esta talvez seja a condição essencial para um poeta. Mas não a única. Necessário ainda saber criar, recriar e inventar atmosferas que nos façam navegar pelo próprio mundo interior. Ser poeta é isso: um visionário das palavras, uma espécie de feiticeiro do amor e das esperas, das fantasias e dos sortilégios”.
“Sem incorrer em nenhum sofisma, pode-se afirmar que Getúlio Neves já nasceu poeta. Toda sua trajetória literária não nos deixa dúvidas de que a poesia caminhou sempre ao seu lado. Por isso, torna-se difícil falar do autor de ‘Águas Siladas’ e de a ‘Ira do Silêncio’. Fiel às suas convicções éticas, é capaz de levar o leitor a entrar em seu mundo poético através de versos bem estruturados, sem afetação, de forma simples e leve. Descreve com maestria situações do cotidiano de qualquer mortal: ‘Toma teu mate sem nenhuma pressa,\respira a brisa morna em largo hausto,\sente os silêncios embelezando a tarde’”, completa a poetiza.
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