Olhando o futuro

Começou a contagem regressiva. São poucas semanas até a Copa do Mundo e nesse período vai se consolidando a preocupação de que poderão ocorrer protestos paralelos ao evento. O mais novo termômetro desse clima de ebulição foi a paralisação dos ônibus do transporte público de São Paulo. É a maior cidade do País e podem pensar muitos: que tem a ver Porto Alegre com São Paulo? Ou o interior com as capitais?
Ora, trabalhadores esperando nos pontos de ônibus por carros que não virão, filas quilométricas de carros parados, impossibilidade de se chegar onde se quer. Isso não é incomum ou não ocorre apenas nas grandes metrópoles.
Mas, não para por aí. Pode ocorrer no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul. Enfim…
O fato é que quando ocorrem situações assim, o descontrole é total, chegando até a irresponsabilidade num setor essencial como o transporte público no qual é impensável falhas. Imagine os argentinos, entrando por Livramento, indo a Porto Alegre e não conseguindo passar da ponte do Guaíba, por exemplo?
Claro que há interesses políticos – de situação e oposição – por trás de tudo isso.
Mas reclamar não adianta. É algo parecido como chorar sobre o leite derramado. Os protestos prejudicam ainda mais a mobilidade da população dos grandes centros, trabalhadores, professores, pedreiros, donas de casa, empregadas domésticas, estudantes, funcionários públicos, inspetores de qualidade, metalúrgicos, bancários, enfim, toda uma imensa categoria de trabalhadores que dependem do transporte público no deslocamento entre o local de moradia e os mais diferentes destinos.
Muita gente, sem dinheiro para o táxi, também acaba sendo obrigada a andar quilômetros a pé. E mais, nos grandes centros, quem pega um táxi ou lotação acaba parado no trânsito e compartilha o triste teste de paciência de quem tira o carro da garagem para ganhar as ruas e cumprir seus compromissos e obrigações.
O Brasil precisa investir em mais qualidade no transporte público. E não apenas nas capitais. Não somente em função da Copa do Mundo. E isso não significa apenas os ônibus urbanos, mas outros, como o aéreo e o ferroviário, além da alta velocidade dos trens elétricos. Porque não, por exemplo, um trem-bala ligando Livramento a Porto Alegre?
Muitos cidadãos do interior também trabalham nas vizinhanças e podem usar as alternativas futuras que possam ser criadas. Outros tantos vão a Porto Alegre com frequência.
Quem acaba prejudicado com a falta de investimento brasileiro, do governo, inclusive não estimulando mais opções por parte da iniciativa privada, são os cidadãos comuns.” Os joões e marias.” Esses trabalhadores desaprovam os protestos contra a Copa também.
Segundo o Datafolha, em junho do ano passado, 89% eram favoráveis a eles e só 8% eram contra, agora, 52% apoiam tais atos, e 44% os rejeitam. Isso somente considerando as principais capitais do Centro sul brasileiro.
Cabe às autoridades públicas e às categorias de serviços essenciais como o transporte extraírem lições dessa realidade urbana que enfoca todo o país. Todos têm a responsabilidade de tomar medidas para que a Copa do Brasil, inclusive na questão transporte e facilidades a quem aqui chega em termos de mobilidade urbana, seja a contento.

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