Mais um ministro terminal

Essa Copa do Mundo da FIFA no Brasil em 2014 ainda vai dar muito que falar. Faça-se uma pesquisa de opinião pública, e teremos resposta quase unânime: sim, ela também vai nos custar muito caro. E não são questões esportivas, propriamente. Pouco tem se falado, aliás, sobre as possibilidades da seleção brasileira. Nesse quesito, alguns cronistas têm apenas questionado a capacidade do técnico Mano Menezes. Mas não é essa a minha razão.

Ocorre que o noticiário sobre a Copa tem se concentrado, preferencialmente, em questões negociais e políticas. Quando não policiais. E o início desta semana foi fecundo. Tudo começa pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, há muito uma figura controvertida e sempre envolta em suspeitas de negociações pouco éticas.

A Polícia Federal decidiu, na segunda-feira, investigar novamente as denúncias que pesam sobre ele: relações, por exemplo, ditas promíscuas com a ISL, aquela mesma empresa que enredou dirigentes do Grêmio em outras operações nunca bem explicadas.

Já o roliço ministro dos Esportes, Orlando Silva, parece ter os dias contados, por mais que proteste e proclame inocência, sob o argumento de que seu acusador é um “bandido”.

O autor das denúncias, o policial João Dias Ferreira, com certeza, não é uma freira sem pecado. Depois que ingressou no PCdoB, ostenta um padrão de vida incompatível com o salário de 4,5 mil reais. Hoje, mora numa mansão em condomínio fechado, com três carros importados na garagem.

Já esteve preso e é acionado pelo Ministério Público Federal para que devolva mais de três milhões ao Ministério dos Esportes, que teriam sido desviados através de duas ONGs por ele comandadas.

Até há pouco tempo, no entanto, privava da intimidade do partido e do ministério.

A denúncia de que o ministro se beneficiou pessoalmente de esquemas ilícitos montados através de ONGs pode ser apenas vingança do policial por ter suas prestações de conta reprovadas.

A verdade, no entanto, é que há muito tempo existem rumores de trapalhadas na área desse ministério. Em fevereiro deste ano, o jornal O Estado de São Paulo publicou série de reportagens reveladoras de que o programa Segundo Tempo era “uma mina de ouro para o PCdoB”, graças aos convênios da pasta com entidades ligadas ao partido e todas sem licitação. Só no ano passado, os repasses feitos a essas ONGs chegaram a 30 milhões de reais.

A presidente Dilma Roussef, ao que se sabe, está irritada com Orlando Silva e já tirou dele os poderes de interlocutor do governo nas negociações sobre a Copa de 2014.

O ministro já não tem condições políticas de continuar. Mais dia, menos dia, ele deixa o cargo. O governo não vai conviver com mais esse ponto de interrogação.

É aquela regra conhecida: à mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer.

Ah, sim. Ainda vamos falar e pagar muito por essa Copa.

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