A tradição de colorir o céu da Fronteira

Somente na região central de Livramento, principalmente no entorno do Parque Internacional e início da avenida João Goulart, cerca de 10 pontos de vendas de pandorgas disputam clientes, que como manda a tradição de Sexta-feira Santa deverão colorir o céu da Fronteira da Paz. Em um levantamento rápido foram colocadas a venda cerca de mil pandorgas, de vários tamanhos, formas e modelos.

Para agradar a clientela, os pandorgueiros oferecem desde os modelos chineses de montagem rápida, em nylon (industrial) até a tradicional pandorga confeccionada em taquara e forrada com papel encerado (artesanal).

Conforme os vendedores, a grande vantagem além do preço mais favorável em algumas ocasiões é a questão do material ser resistente a umidade e até mesmo a chuva, coisa que a tradicional não resistiria por muito tempo se exposta à intempérie. 

Modelos tradicionais 

Morcego- de fabricação mais elaborada- média de preço R$ 50,00

Caixa- nem todos fazem e sua confecção leva cerca de um dia- R$ 50,00 (medindo um metro quadrado)

Bomba- entre os modelos comuns – R$ 10 a R$ 20,00 (dependendo do tamanho e figura do papel)

Marimba-modelo mais comum – a partir de R$ 7,00 (depende muito do tamanho)

Pipas- de fabricação chinesa com desenhos variados— entre R$ 5,00 e R$ 8,00

Principal acessório: barbante ou linha- R$ 5,00 a R$ 25,00 (dependendo da metragem) 

História das pipas, pandorgas e papagaios 

Das inúmeras versões apresentadas na atualidade, uma delas, acredita-se que a primeira pipa do mundo tenha surgido na China, há cerca de 200 anos a.C. criada por um general chamado Han Hsin, com o objetivo de medir a distância de um túnel a ser escavado no castelo imperial. Com o passar do tempo estas pipas logo que sugiram eram utilizadas para fins militares, tornaram-se uma arte popular aquele pais. Aos poucos, foram levadas para países vizinhos como Japão e Coréia. No Japão por volta do século XI relatos indicam que as pipas eram empregadas pelos militares para levar mensagens secretas para aliados. Nos países orientais, as pipas adquiriram um forte significado religioso e ritualístico, como atrativo de felicidade, sorte, nascimento, fertilidade e vitória, exemplo disso são pipas com pinturas de dragões que atraem a prosperidade ou uma tartaruga longa vida, coruja sabedoria e assim por diante. No Brasil, estima-se que as pipas tenham chegado pelas mãos dos portugueses na época da colonização. Hoje, elas são conhecidas por diversos nomes, dependendo da região do País: arraia (Bahia), pipa (Rio de Janeiro), papagaio e pipa (São Paulo), pandorga (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), quadrado, tapioca, balde (Nordeste) e (Maranhão). 

Festival de pandorgas 

A fim de motivar e manter a tradição em Livramento ocorre na sexta-feira (18), o conhecido Festival de Pandorgas, promovido pela Prefeitura Municipal em parceria com apoiadores. O evento está programado para o Lago Batuva, a partir das 15h. “Este ano é o 39º Festival de Pandorgas, queremos resgatar cada vez mais esta tradição em Livramento. Para tanto, conseguimos uma parceria com a Eletrosul e também com a Casa de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, que estão dando um apoio financeiro para que se possa tornar o evento ainda maior. Estamos divulgando em toda a região. Com isso poderemos dar uma premiação em dinheiro aos participantes, com premiações de R$ 500 a R$200, medalhas e troféus. As inscrições estão abertas, são gratuitas e podem ser realizadas aqui na estante no Parque Internacional, dentro da Feira Binacional de Páscoa. Durante todo o dia até às 22h. Após a premiação do concurso vamos oferecer um grande show com Dante Ramon Ledesma”, destacou Denise Toledo, secretária municipal de Turismo.

Outro evento ligado a Semana Santa ocorre no Clube dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, para integrantes do Pelotão Mirim-Projeto Águia. O evento, que ocorre no “sábado de aleluia”, contará com a participação de 65 a 70 alunos do referido projeto.

Conforme informações fornecidas pelo sargento Navarro, na oportunidade haverá um concurso de pandorgas, as quais deverão estar caracterizadas com o símbolo A. “Vale a mais colorida e a maior pandorga, onde vamos realizar uma confraternização com chocolate com familiares e alunos”, explicou Navarro. 

Passo a passo 

O pandorgueiro Fredi Rodrigues, 41 anos, riverense e morador em Livramento, há 25 anos vem confeccionando pandorgas para a Semana Santa, na Fronteira da Paz. O resto do ano, Fredi trabalha como mecânico de motocicletas e aproveita esta época do ano para aumentar a renda financeira, apostando nas pandorgas tradicionais confeccionadas com taquara e papel encerado. “Só vendo pandorgas tradicionais e tenho um público que chega a encomendar algum modelo mais complexo, como a Caixa, que leva um dia inteirinho para ficar pronta”, destacou o vendedor que pretende vender entre 70 a 80 unidades até quinta-feira. 

1º-Escolha da taquara que deverá ser seca e reta;

2º-Após as varetas prontas, a armação começa a tomar forma com o auxílio de linha;

3º-A fixação da forração é um passo bastante e importante, etapa que dá a vida à pandorga. Neste momento o casamento do colorido faz todo o diferencial.

4º- Armação forrada, basta o cliente fixar os tirantes e a cola.

 

 

 

 

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