Gestão da fome – ou para acabar com ela

Ao anunciar na última sexta-feira, em Porto Alegre, o programa Brasil Sem Miséria, nas presenças dos governadores dos três Estados do Sul, a presidente Dilma Roussef foi mais uma vez taxativa ao garantir que o combate à fome e à miséria no País é mesmo uma das principais bandeiras do Governo Federal. Essa afirmação ganha uma dimensão muito maior quando analisada sob a perspectiva de uma sociedade que efetivamente vem avançando passo a passo na conquista de sua cidadania – e através desta, passa a exigir medidas concretas e eficazes através das quais o Governo dê ao povo o retorno do que dele recebe.

Em outras palavras, significa dizer que atualmente já não possui tanta predominância quanto antes a máxima político-administrativa de que o povo vive de pão e circo – apesar de que ainda perdure tal expectativa nos períodos pré-eleitorais, isso porque durante centenas ou até milhares de anos foi assim que os governantes se mantiveram no poder. Por mais força bélica que impusessem as ditaduras para sobrepujar a vontade popular, a vontade mostra que sempre o carisma – mentiroso ou não – dos ditadores junto à camadas politicamente mais frágeis da população é que lhes garantia o verdadeiro respaldo.

Não por outra razão, então, a fome do povo sempre serviu de cavalo de batalha política, dentro da torpe dinâmica de fomentar a fome e prometer acabar com ela. A fome já não é decorrente da produção insuficiente de alimentos, pelo contrário, ano após ano o volume de produção tem aumentado e é fato que a produção de alimentos é mais do que suficiente para suprir as necessidades da população mundial. No entanto, ainda há muita fome. Por que o alimento não chega a quem precisa dele? Talvez porque não interesse que isso aconteça, uma vez que pode representar o fim da capacidade de manipulação da vontade popular.

Aí é que entra a necessidade de definir o que se quer: administrar a fome, suas causas e, de outro modo, suas consequências sociais, visando acabar de vez com as desigualdades no acesso social, ou continuar a fomentá-la de modo a produzir cada vez mais escravos eleitorais?

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