A imagem que queremos

Ainda extasiada com os primeiros resultados visíveis da ação – ou reação – da juíza Carmem Lúcia com relação à situação da José Antônio Flores da Cunha, a comunidade fronteiriça aguarda informações mais detalhadas sobre o destino dos vendedores informais – agora devidamente regularizados como Microempreendedores Individuais-MEI. Muito se falou sobre o projeto da Administração Municipal para a instalação definitiva dos trabalhadores no espaço ao lado do cinema Internacional, mas a precipitação provocada pela medida judicial e a delimitação de prazo para que ela seja cumprida certamente obrigará o Executivo a improvisar, e com isso deixar de lado muitos dos passos de planejamento e execução previstos inicialmente. Não se trata de mera curiosidade sobre como vai ficar o espaço público e tampouco sobre como ficarão as condições de trabalho oferecidas aos novos microempreendedores autônomos, mas sim com relação ao aspecto visual que a Fronteira oferecerá aos milhares de turistas que têm vindo e ainda virão a Livramento e Rivera durante este ano e nos seguintes.

O feriadão de Páscoa se aproxima e com certeza vai atrair para cá milhares de turistas, seja para compras, seja para passeios pelas duas cidades. Como sempre, já há gente de várias cidades reservando vagas nos hotéis, pousadas, pensões, enfim, de Livramento e da região, porque Rosário do Sul, Dom Pedrito e até mesmo de São Gabriel, entre outros, acabam se beneficiando do grande destino turístico que se tornou a Fronteira. E o que verão esses milhares de visitantes, em termos de linha divisória? Será que já se terá uma praça em condições pelo menos aprazível de limpeza, organização, iluminação, enfim? Com a retirada dos tapumes, urge agora a ação de revitalização, não apenas por ser uma determinação judicial, mas principalmente como uma demonstração de carinho, amor e respeito pela principal imagem de integração da Fronteira, que é a linha divisória, onde está instalada a praça José Antônio Flores da Cunha, a popular “Pracinha dos Cachorros”.
Da mesma forma, por uma questão de respeito aos trabalhadores, ainda que sem tempo para a execução completa do projeto criado para o novo camelódromo, é preciso que se faça pelo menos o básico para oferecer dignidade aos vendedores e uma condição visual no mínimo agradável para quem passar por ali. Do contrário, será como trocar seis por meia-dúzia. Durante anos, reclamou-se da poluição visual, das péssimas condições que o camelódromo oferecia, tanto para os moradores de Livramento e Rivera quanto para os turistas que chegavam à cidade e para os próprios vendedores. Provavelmente, esse início de organização do espaço para instalação das novas bancas de camelôs, longe daquela desordenada, persistente e assustadora ocupação da divisa já vai melhorar e muito a percepção dos visitantes. Certamente, já será uma imagem melhor a que levarão, nesse sentido, o que lhes permitirá – tomara – dividir com quem encontrem, ao retornarem para suas cidades, a boa nova de que, na Fronteira, as comunidades estão organizando a questão dos camelôs. Rivera avançou substancialmente. Livramento dá passos importantes. Estão resolvendo o problema, em resumo. E os visitantes poderão dizer inclusive que, diferentemente de tantos outros locais, na Fronteira a problemática comum dos centros urbanos da formação de camelódromos está sendo resolvida, pelo menos parcialmente, de modo tranquilo, como resultado da coragem de uma magistrada, mas com a participação de todos os segmentos administrativos e representativos responsáveis, incluindo entre eles o próprio Executivo, os órgãos de segurança, enfim. São ingredientes que recheiam de esperança o sentimento da comunidade em relação a um desfecho totalmente identificado com o anseio da população, que é uma linha divisória verdadeiramente em condições para uma boa foto, para voltar a simbolizar a efetiva integração que existe entre Livramento e Rivera, para voltar a ser um verdadeiro cartão postal da Fronteira. Aí, sim, vai ser a glória.

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