Vizinhança

Um assunto que já foi tratado. Microcrédito, um programa governamental que tem como finalidade gerar oportunidades para que os cidadãos possam progredir em suas atividades de negócios. Ao que conste será a alternativa com a qual o município acena para que os camelôs construam suas estruturas no local desapropriado para alojar os camelôs.

Claro que essa alternativa de crédito – que serve para pessoas físicas e jurídicas, formais e informais, tem alguns elementos que são estranhos ao cidadão (haja vista que, na prática, a maioria desconhece o funcionamento de alguns sistemas, sobretudo o financeiro e o governamental, valendo para a efetividade das operações, bem como no que diz respeito aos ritos e detalhes que a burocracia exige).

Bem importante é proporcionar o acesso, da mesma forma que é essencial propagar informação, de forma clara. Do outro lado, é fundamental que as pessoas busquem essas informações, aprendam sobre o funcionamento e as possibilidades do sistema. Quem deseja progredir e precisa de recursos tem à disposição.

Há um restritivo. O fiador. Ou seja, quem garanta em caso de impossibilidade de pagamento das parcelas. O modelo mais adequado, para que o santanense tenha conhecimento – eis que se trata de uma relação de absoluta confiança – é o devedor solidário interrelacionado, ou seja, em um grupo de 4 pessoas, a primeira será a fiadora da quarta, que será fiadora da terceira; a qual, por sua vez o será em relação à segunda e, esta, afiança para a primeira. É apenas uma possibilidade. Existem várias combinações possíveis, o importante é que exista esse grau de confiança e colaboração solidária entre os integrantes de um mesmo grupo, de uma família ou de uma rede de cooperação.

Aí está algo interessante que, ao mesmo tempo em que garante que exista o ressarcimento do valor tomado, há também o resgate de um costume, um hábito muito antigo, manifestado em tempos distantes da modernidade vivida hoje. Época em que a palavra empenhada era um valor, um bem precioso; em que o grau de confiança das pessoas, umas nas outras era altíssimo. Época em que o conceito de vizinhança e a designação vizinhar era a plena convicção da solidariedade no sentido de apoio e ajuda mútua.

Por exemplo, só para ilustrar, na Sant’Ana e na Rivera dos tempos passados, se um vizinho fazia um assado, convidava o outro levando um pedaço de carne em um pratinho. Esse prato jamais retornava a seu dono vazio. Se era um doce, da mesma forma. Se um vizinho estava sem dinheiro e precisava de algum item, bastava bater à porta do vizinho e solicitar, devolvendo na mesma proporção assim que se recuperasse.

Essa solidariedade, mais do que um ato, era um perfil de espírito.

 

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