Por ocasião da água

Água é vida e durante muito tempo esse conceito permaneceu perene na mente dos seres humanos, até que os mesmos, com o evoluir da civilização, começaram a exacerbar o uso e, pior, contaminar lençóis, mananciais, rios, mares, nascentes, enfim. O processo evolutivo do homem, infelizmente, está muito aquém do que, realmente seria possível para, com urbanidade, se conseguisse entender o significado de uma data como o Dia Mundial da Água.

Mais do que a lógica compreensível de que a perpetuação da espécie acaba quando não houver água, por uma questão óbvia, também é importante buscar, serena e não radicalmente, formar opinião sobre o assunto, até para que cada cidadão forme conceito e conscientize suas atitudes em relação a todos os elementos pertinentes ao tema, inclusive e de forma especial sobre o impacto financeiro que as perdas de água trazem para as empresas de saneamento e, consequentemente, nas taxas e tarifas repassadas ao consumidor.
Atualmente, o setor se encontra em uma situação crítica por conta da falta de chuvas e baixo nível de água dos reservatórios em várias regiões do Brasil, principalmente no Centro-Oeste e Sudeste, onde está concentrada a maior demanda de consumo no país. Está em discussão o risco de um racionamento de energia e de água, em pauta no país.
Parece óbvio que as perdas de água chamadas de aparentes ou comerciais são um dos problemas de maior impacto nos custos de produção e distribuição, causando assim uma média de 37,5% de perda de faturamento para empresas de saneamento no Brasil. Um dos fatores-chave das perdas é a falta de medição ou medição incorreta no consumo de água, que ainda é bastante crítica no Brasil por ainda predominar o uso de medidores obsoletos e imprecisos, ou mesmo a falta de medidores. No Brasil, as perdas totais de água são de 40% do total produzido no Brasil e as perdas aparentes podem chegar até 50% das perdas totais. Segundo o Trata Brasil, uma redução de 10% nas perdas no país traria R$ 1,3 bilhão à receita operacional com a água.
Às empresas de saneamento, traz esta conjuntura um alerta para maximizar a gestão e reduzir o máximo de perdas para manter não só o abastecimento aos consumidores, mas garantir sua margem de receita sem perder lucratividade e competitividade. Uma das soluções é investir na modernização e integração no sistema de medição, que traria benefícios em longo prazo para todos na cadeia do setor. Mudanças tecnológicas são importantes para promover uma gestão inteligente de recursos, chamada também de smart grid, assim como no desenvolvimento de soluções para dar aos consumidores maior controle de seus gastos e consumo.
Interessante mencionar que Livramento está sobre o aquífero Guarany e de anos para cá, vem tratando – muito lentamente, diga-se de passagem – a respeito desse tema, assim como estruturalmente (e perceba o colapso da falta de abastecimento do fim do ano passado) há muito a fazer, dentro de um processo qualificado de aproveitamento dos recursos.
É gestão. Assim como também é aprofundamento e não superficialidade dos conhecimentos. Como é possível compreender, a partir, especialmente de outras plagas, como no Centro do País, esse assunto merece uma nova compreensão especializada.
É isso ou enfrentar a falta do líquido precioso no futuro.

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