Folia à vista! E só!

O carnaval começa a se aproximar. Enquanto clubes sociais iniciam os preparativos para receber seus foliões, ao passo que também as entidades carnavalescas ensaiam, também as instituições trabalham na missão de prevenir, alertar e orientar para que o transcurso da festa seja com responsabilidade, entendimento e dentro dos limites individuais. A democracia, segundo conceituam os pensadores mais focados, é jovem no Brasil, mas isso não é motivo para que os cidadãos ajam como apedeutas.
Há quatro elementos que precisam estar muito presentes nos cérebros dos cidadãos nesse período, não sob o ponto de vista que, comumente estão: sexo, festa, bebida e trânsito. Festa pressupõe liberdade de escolha, mas também ordena direito de ir e vir e este é separador entre os indivíduos sociais por uma imperceptível e tênue linha que precisa estar esticada na concepção responsável de cada entendimento. Da mesma forma o sexo. Saudável, positivo, produtivo, mas, segundo é possível alertar, não reprodutivo – salvo entendimento do casal de que assim seja -. Acima de tudo saudável e não transmissor de doenças de qualquer ordem, afinal, existem os elementos de proteção que estão aí para serem usados.
Bebida… Aí está o terceiro elemento, daquele sobre o qual se fala o ano inteiro e, combinado com o quarto, o trânsito, percebe-se a incompatibilidade.
Carnaval é bom. E só. Bebida, depende do livre arbítrio. A única condição em que é possível o uso da bebida é quando o cidadão não assume a condição de condutor. Nos Estados Unidos, dirigir depois de beber é crime punido com cadeia. Quando o policial aborda um motorista suspeito, conclui se ele bebeu ou não aplicando testes na rua: o condutor tem de provar que consegue se equilibrar em uma perna e andar em linha reta. Se não passar, vai para a delegacia. Mesmo quem se recusa a soprar o bafômetro é indiciado. Na Europa, a tolerância em relação a esse tipo de conduta também é baixa. Na Espanha, quem dirigir com taxa de 1,2 grama ou mais de álcool por litro de sangue perde a habilitação por até quatro anos e pode passar seis meses na prisão. Negar-se a fazer o teste do bafômetro ou o exame de sangue é crime punido com cadeia, de seis meses a um ano. Em Portugal, a pena varia. Se o condutor bebeu, mas não fez barbeiragens, a punição é de até um ano de cadeia. Se fez, até dois anos. Não fazer o teste do bafômetro é crime de desobediência e também dá prisão. Na Inglaterra, quem se recusa a soprar o aparelho na rua paga multa de 1 000 libras e perde o direito de dirigir por até três anos. E há aqueles que qualificam a legislação brasileira de vários adjetivos.
Carnaval é muito bom, mas e só. Não está na pauta o sexo promíscuo ou desprovido de responsabilidade; a bebedeira e o volante.
Há muito está evidentemente provado que não há condição de compartilhamento entre uso de álcool e condução de veículo. A única forma, comprovadamente que alguém que ingeriu bebida alcoólica, licitamente, pode, sem risco de morte, estar utilizando um veículo é na carona e, considerando, ainda, a condição de embriaguês em que se encontre, somente como carona, passageiro de um veículo de quatro rodas, haja vista que, estando em condições de estado alterado de consciência em função do uso excessivo de álcool – ou seja, no popular, numa borracheira extrema – terá aumentada a possibilidade de cair de uma motocicleta em movimento por mais sóbrio e capaz seja o condutor.
Ocorre que, na prática, esses quatro elementos – que podem ser consideradas as principais variáveis do carnaval – estão desordenadamente estabelecidos nas mentes, sobretudo dos jovens, ao passo em que conjuntos fixos que deveriam estar, literalmente afixados nos pensamentos das pessoas, como responsabilidade, prevenção, precaução e, principalmente, cidadania.

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