“Voltinhas”, “Rolezinhos” e a discriminação

Qual o critério utilizado para distinguir, se a pessoa é cliente ou não, se está passeando pelo centro da cidadeou está disposto a fazer bagunça. Se os encontros são casuais, ou são encontros combinados pelas redes sociais. As roupas que utilizam,a cor da pele faz diferença? E a classe social, é levada em consideração?

Os “rolezinhos”, já conhecidos pela população dos grandes centros, chegaaLivramento. Talvez, pela estação mais quente do ano e o desprazer de ficar em casa no calor, pela falta do que fazer nas férias escolares ou até mesmo devido à carência de um espaço físico de lazer apropriado para jovens que querem atenção e diversão.

Muitos acreditam e enxergam estes atos como reuniões entre amigos ou até mesmo apenas uma forma de diversão. Mas, infelizmente esses jovens assumem um papel inquestionável no momento em que, ao causar incômodo alheio e receio entre os frequentadores e comerciantes dos locais onde eles se encontram forçam uma reflexão e um debate público sobre temas latentes e jamais resolvidos pela sociedade brasileira, como as limitações ao direito de ir e vir, a discriminação contra os mais pobres, as formas dissimuladas de racismo incrustadas no cotidiano e a tentativa de blindar ambientes públicos contra pessoas indesejadas, numa versão não assumida de discriminação social e cultural. 

É lícita a preocupação dos empresários, quando procuram meios para preservar fisicamente o estabelecimentoe, num contexto mais amplo, resguardar os interesses dos comerciantes, evitando que as vendas e a prestação de serviços sejam prejudicadas pela deserção de uma clientela temerosa. O grande problema é: como agir de forma preventiva sem ferir direitos, cometer injustiças e praticar discriminações? Qual o critério para distinguir, na porta do comércio, o cliente do não cliente, o que vem para passear do que vem para bagunçar? E o que vem conversar? As roupas? A cor da pele? O fato de estar sozinho ou em grupo? Como impedir o ingresso de alguém que ainda não cometeu desordem, sem pisotear seus direitos mais essenciais?

Os “rolezinhos” profanaram o simples passeio pelo centro da cidade e atualmente causam pânico entre os lojistas, pois o que está em jogo não é só o faturamento de um dia, é o próprio conceito de segurança que leva as pessoas a preferirem o passeio em lugares fechados ou as compras a domicílio, em detrimento àscompras ao ar livre.

Mas os “rolezinhos”, em si, não constituem crime algum. A melhor estratégia é monitorá-los de perto e chamar a polícia em caso de abusos. O maior erro seria insistir na discriminação.

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