PIB à parte

O fim do ano passado registrou uma decepção na economia, por conta da produção da indústria. Isso fez com que as famosas perspectivas, estimativas dos economistas, para os meses seguintes também caíssem. Comparado com novembro do ano passado, em dezembro, o ano industrial fechou com um aumento de 1,2% da produção. Em novembro deu 3,5%. Detalhes: o número positivo não revela, porém, um retrato mais positivo do setor, de acordo com analistas, mas, na prática, não é indicativo de futuros sucessos, pois o nível produtivo industrial fechou 7% abaixo do pico de maio de 2011, quando o setor se recuperava da crise de 2008/2009.

Desde 2011, o retrato é praticamente de uma estagnação, apontam alguns produtores e industriais, bem como economistas com especialização. É como definiu um relatório do banco ABC Brasil: “não foi negativo, mas decepcionou, porque não foi possível recuperar o terreno perdido”.

Perceba o leitor que mesmo ante a tentativa do governo de impulsionar o setor, prorrogando a redução do IPI de veículos e eletrodomésticos, oferecendo juros muito baixos para a compra de máquinas, equipamentos e zerando o imposto sobre a folha de pagamentos de mais de 50 atividades, a questão não se equalizou. Gerou, entretanto, outro efeito. Afetou a arrecadação do governo, mas teve pouco impacto no desempenho geral da indústria.

Segundo a Fundação Getulio Vargas, os incentivos mostraram pouca eficácia ante os problemas estruturais do setor. A indústria tem sofrido com a competição de importados, tanto no mercado interno quanto no exterior. Custos mais altos para a produção local, como energia e mão de obra mais caras, são queixas recorrentes de empresários.

Por mais que não se acredite que o câmbio por si só pode colocar no lugar deficiências domésticas, é bom observar que o salário em dólares do brasileiro caiu entre 2010 e 2013 algo como 19%. Algum alívio poderá ser sentido nos próximos meses.

Outro alento pode ser a recuperação dos EUA, com seu potencial consumo de produtos manufaturados do Brasil. A dificuldade, entretanto, é saber como a Argentina reagirá à crise. O vizinho é o terceiro maior importador brasileiro e compra mais de 90% de produtos industriais.

Prevendo dificuldades e um ritmo lento da atividade na virada de 2013 para 2014, o Brasil deve rever a projeção de crescimento do PIB neste ano de cerca de 1,8% para 1,5%.

Em tempo: o produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, consideram-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário. Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.