Foco agro e eco

O Brasil, desde 2008, é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. São muitos estudos científicos que relacionam o uso de agrotóxicos com a ocorrência ou maior incidência de várias doenças, como câncer e doenças neurológicas, dentre outras. O Estado gaúcho, segundo as autoridades no assunto, é o campeão em uso de agrotóxicos e utiliza quase o dobro da média nacional. Em cinco anos, a venda de agrotóxicos no Brasil aumentou três vezes mais do que o avanço da área plantada no País, indicando abuso na aplicação dos produtos. 

O que preocupa, porém, não é tão somente a expansão do uso, mas o uso indiscriminado, que traz muitos prejuízos para agricultores e consumidores. É justamente visando ao combate a essa realidade que a União lançou, há um ano, o Brasil Agroecológico, um plano nacional de agroecologia e produção orgânica, que pretende dar a linha para os estados brasileiros. Dilma Rousseff, gaúcha, espera que o Estado fique alinhado com essa política nacional, já que o governador Tarso Genro evidencia a boa pedida que é a sanção da lei.
É preciso entender, entretanto, que cabe ao Estado, com políticas públicas adequadas, proporcionar o apoio necessário aos produtores que fizerem esta opção, como forma de contribuir para o desenvolvimento local, regional e também para a promoção da saúde de agricultores consumidores. O texto da Lei define agroecologia e produção orgânica como sistemas de base ecológica, com estratégias produtivas que se utilizam de práticas e de manejos de recursos naturais de forma sustentável, dispensando o uso de agrotóxicos, com práticas, tecnologias e insumos que não causam impactos ambientais.
Como instrumentos de fomento, estão previstos na Lei o crédito, a pesquisa, a assistência técnica, a educação e capacitação, a diferenciação tributária, dentre outros. Em 2013, em alguns estados houve um aumento médio de 24% no recolhimento de toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. Esse dado não é do Rio Grande do Sul, mas do Espírito Santo. A estatística está acima do registrado em todo o País, que foi de 8%, e corresponde a 296 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos.
O agronegócio segue expandindo o uso de venenos em suas lavouras. Como já informado, desde 2008 o Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos, embora não seja o maior produtor agrícola.
O uso indiscriminado e sem cuidados de agrotóxicos pode provocar a intoxicação dos trabalhadores com diferentes graus de severidade e ainda levar à depressão e até ao suicídio. Também há registros de diminuição das defesas imunológicas, anemia, impotência sexual, cefaleia, insônia, alterações de pressão arterial, distimia (espécie de depressão crônica) e distúrbios de comportamento.
É preciso rumar para uma nova realidade e isso é possível a partir da conjunção de esforços.

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