Demônios

Entre os demônios modernos, o desemprego é um. Afinal, onde andam os empregos? E a mão de obra especializada? E os empregadores, como agem? O que está faltando?
Bem, há uma relação aí, pelo menos. Fica evidente que Livramento tem postos de trabalho formais, sim. Basta ouvir as vagas para estágio, para o meio rural, etc… Também é evidente que há gente disponível para ocupar vagas. Onde está o ponto de encontro, então?
Exorcismo nele! Fica perceptível que os números não são tão caóticos, desgraçados, demoníacos, péssimos, horríveis, desesperadores quanto as pessoas, no cotidiano, costumam falar. Naquele em meio de conversa, há demonizações das coisas da cidade, inclusive a atribuição de valor: não presta! Bem, se fulano e cicrano não prestam, assim como as ofertas não prestam, são uma porcaria, não seria melhor “fechar as portas” e apagar a luz, entregando as chaves da cidade e indo embora?
Claro. É outro dos demônios. Em uma terra que alega altos índices de desemprego, falta de oportunidades, em que o pavor é perder emprego; em que alguns patrões agem com completo desrespeito pelas leis trabalhistas e direitos, alguns empregados são completamente descomprometidos com seus locais de trabalho; as contradições são constantes.
Imagine em pleno centro, cidadão tomando chimarrão, “bem faceiro” – como se diz na Fronteira. Perguntam a ele: “tchê, ta de férias?” A resposta é: “to com o bolsa…” numa referência ao programa Bolsa Família. Aí quando perguntam como ele vai, a resposta imita aquele humorista do Pânico na TV, da Bandeirantes: “mais ou menos, mais ou menos”. A menos de 30 metros dali, no “olho” do sol um servidor público, “metendo as paletas”, dá duro para liquidar com um chumaço de grama.
Aí, vem a recordação de que, segundo pesquisa nacional de 2013, 91% das companhias têm dificuldade na contratação de profissionais qualificados. A maioria reclama da escassez de profissionais capacitados para funções específicas, falta de visão global dos candidatos e deficiência na formação básica.
Nisso, surge a informação de que é um sacrifício completar vagas para determinados cursos de qualificação por alguns motivos que geram surpresa. Empregador se recusa a liberar empregados em horário de expediente para frequentar cursos que, além de capacitar o indivíduo, faria com que houvesse diferença na própria empresa. É a filosofia do horário acima de tudo, sem entender que esse funcionário, linha de frente, vai atender o cliente melhor com mais qualificação. Ouve-se a frase: “a gente dá oportunidade, qualifica e vão embora”.
É um risco, mas empresariar é correr riscos.
Fica muito claro que os demônios de Sant’Ana, e que precisam ser exorcizados, residem na compreensão e entendimento. Tanto entre trabalhadores, quanto entre empresários.
Não é aquela coisa de dizer que tudo está errado. É preciso potencializar o que está correto e fazer uma leitura mais real de que a relação de trabalho pressupõe vários quesitos e o mercado é quem estabelece a realidade que deve se efetivar. Tanto para trabalhador, quanto para empregador. Enquanto não pensar assim, Livramento não vai conseguir exorcizar seus demônios.
“Regna terrae, cantate deo, psállite dómino, tribuite virtutem deo Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas (…)”

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