Toscano Barbosa: um ícone do jornalismo santanense

Ao completar 77 anos, A Plateia relembra um dos grandes nomes de sua história 

Toscano Barbosa e sua esposa D.Angélia

No mês em que completa 77 anos de fundação, o jornal A Plateia traz à memória a figura ilustre de um dos seus grandes colaboradores: Melanchton Toscano Barbosa, esposo de Dona Angélia e pai de Ely Toscano Barbosa. Este pelotense de caráter singular e personalidade forte tornou-se figura de relevo da imprensa estadual gaúcha/santanense à frente do jornal A Plateia, nos anos de 1950 e 1960.

Toscano Barbosa foi um homem de visão e à frente do seu tempo. Sua relação com o jornalismo santanense começa quando ele deixa a carreira de representante da Revista O Cruzeiro e investe todas as suas economias na aquisição e estruturação do jornal A Plateia, nos anos de 1950, comprando-o de seu fundador Carlos Varella. No início, Toscano recebe o apoio da esposa, que escrevia na coluna social do jornal, com o pseudônimo de Rosa Dourado.

Já nos anos de 1960, ainda sob a administração de Toscano Barbosa, A Plateia exercia forte oposição ao militarismo vigente, fazendo frente aos comandos e autoridade absoluta dos coronéis da região. Nesse período de forte oposição, o jornal teve a sua sede invadida várias vezes pelas forças militares, mas nada que intimidasse o trabalho e comprometimento da equipe. Parte da postura séria e firme do jornal era reflexo da própria opinião do jornalista Toscano Barbosa, que não se abatia com as investidas da oposição e da política.

Ely Toscano, filho de Melanchton Toscano Barbosa, conta que viajou para morar no exterior no ano em que o pai comprou o jornal, mas apesar do tempo, é bem claro na sua memória o apego do pai pelo jornalismo sério e a bandeira pela liberdade de imprensa. Conta que, certa vez, depois de voltar ao Brasil e fixar morada em Brasília, o mesmo ocupava o cargo de chefia no Hospital das Forças Armadas na capital, local onde teve a oportunidade de conhecer alguns dos militares responsáveis pela escolta e prisão de seu pai em Uruguaiana, mas, ao contrário da indelicadeza que poderia esperar, foi cumprimentado calorosamente, em razão do carisma e simpatia derivados do pai jornalista. “Embora lutasse contra o regime ditatorial e os decretos autoritários da época, ele fez muitos amigos e ganhou a admiração de muitos coronéis e comandantes do próprio Regime”, lembrou Ely.

A postura forte e o amor pelo jornalismo de Melanchton T. Barbosa o fez travar disputas entre o jornalismo interiorano e as grandes redações da capital, como o Correio do Povo e o Diário de Notícias. Nessa época, para propagar o jornal, A Plateia contava com o apoio de um pequeno avião que fazia a distribuição do jornal por toda a fronteira oeste da região, fazendo-o alcançar destaque diante de outras publicações circunvizinhas.

Depois que o filho voltou para o Brasil, o jornalista M. Toscano Barbosa também viajou para Brasília, a fim de ficar em sua companhia. Lá, ocupou o cargo de Diretor Geral do Jornal dos Transportes do respectivo Ministério, levando dinamismo e progresso para mais um trabalho, mantendo sempre o compromisso social e a preservação da liberdade de imprensa. Emocionado, o filho Ely Toscano finalizou dizendo que o pai e jornalista se sentiria satisfeito com o trabalho e compromisso mantidos até os dias de hoje pelo Jornal, o compromisso com a verdade e transparência, essenciais à atividade jornalística.

A família Toscano Barbosa esteve à frente do jornal A Plateia até os anos 1960, passando-o, posteriormente, à família Gisólia, conhecida também pela aquisição de vastos segmentos no comércio. Além do jornal A Plateia a família Gisólia administrava diversos outros negócios, como a Gráfica A Notícia e o jornal da cidade de São Luiz Gonzaga. Em razão de tantos negócios, a família vendeu A Plateia para um grupo de jornalistas santanenses, no fim dos anos 70. Kenny Braga, Glênio Lemos, Danilo Ucha, Elmar Bones da Costa, entre outros, foram os responsáveis pelo jornal e seu jornalismo investigativo.

A Rede Comunitária de Jornais esteve à frente de A Plateia até o ano de 1999, quando o jornal foi adquirido pela família Brada, tendo à frente o advogado e empresário Antonio Zuheir Brada. Desde então, o progresso e a modernização andam lado a lado com a notícia. Além do avanço jornalístico, a família Brada tem construído também um patrimônio histórico e material singular ao jornal, tornando-se um centro de comunicação aberto a toda a comunidade.

A Plateia completa 77 anos de história, mantendo firme o compromisso firmado entre o povo santanense e toda a comunidade fronteiriça, zelando pela história da região, sem esquecer a promessa de um jornalismo sério e de credibilidade.

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.