Uma questão de distar

Foi confirmado aos sindicalistas e aos funcionários da Almadén: o vinho tão apreciado e que orgulha Sant’ Ana do Livramento, elaborado com uvas do paralelo 31 deixará de ser engarrafado aqui. Será o vinho da Campanha engarrafado na Serra Gaúcha.
Um boato que permaneceu em estado de animação suspensa após as veementes negativas de Paulo Miolo, o diretor do Miolo Wine Group Paulo Miolo em 22 de dezembro de 2013 que foi até a Almadén com a finalidade de falar com os funcionários que, em função do boato que hoje se comprova verdadeiro, paralisaram as atividades.
Estratégia de esvaziamento naquele dia, a negativa de algo que já estava planejado e, de forma desapaixonada, é preciso observar com lucidez: do ponto de vista da empresa, é uma forma de ganhar mais dinheiro economizando recursos. Ponto. O resto é o resto.
Pode parecer frio, desumano, mas, na prática é assim mesmo que as coisas funcionam. Sobretudo, no mundo dos grandes negócios.
Protestos são válidos? Claro que sim. São válidos e lícitos, porém, se terão resultado é uma resposta que permanece tão em incógnita quando, a seu tempo, no mês de dezembro, o boato que originou a preocupação.
É preciso encarar os fatos: nenhuma empresa mantém um negócio por caridade, filantropia. A função é apropriar valor. É uma obviedade.
Mudar o engarrafamento para Bento Gonçalves é uma estratégia.
Na prática, uma questão administrativa, tão somente, pois logística implica em custos e em Livramento distando, no mínimo, 500 quilômetros dos centros distribuidores e dos acessos a outros pontos do país, foi uma lógica muito clara.
É inaceitável, indesejável? Sim, óbvio.
Mas qual o compromisso de uma grande indústria com a cidade?
O foco, nas modernas organizações, deve ser a permanente redução de custos, uma das maneiras de auferir maiores lucros em apropriando valor. É o bê-a-bá da administração contemporânea.
Só para esclarecer – e isso não significa concordar ou não, apenas constatar – a argumentação central foi a logística. Bem, em síntese e de forma muito superficial é aceitável estabelecer que a logística é a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa. Há quem a defina como área, outros como uma sub-área da Administração, envolvendo diversos recursos da engenharia, economia, contabilidade, estatística, marketing e tecnologia, do transporte e dos recursos humanos.
Não se pode condenar a Miolo pela decisão, pois está dentro de suas competências como empresa privada de livre iniciativa. Se pode lamentar pelos postos de emprego, pelos recursos que deixarão de ser alocados aqui e que não vão mais circular, pelos tributos, etc. É triste, é lamentável, mas assim é a vida real.
Há coisas que se pode mudar, outras não.
A distancia entre Livramento e outros centros é uma delas, imutável.
Aí está um problema. Livramento perde por distar.
E dista dos grandes centros significativamente.

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