OS ARQUIVOS DAS MALVINAS

Na semana passada, o Arquivo Nacional britânico liberou uma vasta documentação (3.500 documentos), até então secreta, sobre a Guerra das Malvinas. Algumas revelações já constavam em livros escritos sobre o conflito (armas contrabandeadas de Israel e da Líbia em vôos “comerciais” da Aerolíneas Argentinas e o apoio discreto do Brasil ao seu vizinho mais importante), mas quando documentos secretos são abertos sempre há novidades interessantes como a surpresa da primeira-ministra Margareth Tatcher ao saber da invasão do arquipélago por tropas argentinas.

Ela considerou a operação uma “coisa tão estúpida até para se imaginar”, mas sentiu-se insegura quanto à possibilidade de retomar as ilhas até ser convencida pelo Alto Comando Militar britânico de que recuperar o arquipélago pela força era a única saída diante de uma humilhação imposta pela Argentina. A partir da invasão, estúpidos foram os generais argentinos que recusaram uma proposta de administração conjunta das Malvinas com representantes argentinos.

O ditador argentino, general Leopoldo Galtieri, sequer examinou a proposta e ainda sentiu-se reforçado na sua tese: os ingleses jamais farão uma operação de guerra a 13 mil km de Londres. Galtieri acreditava também que os EUA ficariam neutros num conflito e que o caso iria parar na ONU com vantagens indiscutíveis para a Argentina.

O final da história o mundo conheceu no dia 14 de junho de 1982, dois meses e meio após a invasão em 1º de abril, com a rendição incondicional da Argentina. Mas ficou uma certeza entre os ingleses, revelada nos documentos divulgados: o general Galtieri era um alcoólatra e não devia ser levado a serio, mesmo quando o embaixador britânico em Buenos Aires, Anthony William, alertou que a Argentina não era uma “república de bananas”. Mas era, nas mãos dos militares…

NA DIPLOMACIA

Margareth Tatcher chegou a pensar em romper relações diplomáticas com a França depois que a Força Aérea Argentina (FAA) passou a afundar navios britânicos com os mísseis Exocet, de fabricação francesa. A França não forneceu seus mísseis para a Argentina, mas continuou vendendo-os para o Peru e Tatcher acreditava no repasse deles para os argentinos.

BRASIL FOI PRESSIONADO

O governo britânico tinha informações sobre as escalas de aviões da Aerolineas Argentinas em Recife para abastecimento e sempre desconfiaram desses vôos comerciais. O embaixador George Hardings fez uma reclamação formal ao governo brasileiro, mas nunca recebeu resposta. O protesto foi encaminhado pelo embaixador Rubens Ricupero, encarregado do Itamaraty dos assuntos sul-americanos ao SNI e jamais teve retorno. 

O ESPIÃO EM RECIFE

Os ingleses tinham uma “fonte” em Recife que informava a presença de aviões argentinos no Aeroporto Internacional de Guararapes. Quando os aviões vinham de Buenos Aires decolavam vazios para a África. Na volta, carregados com longas caixas de madeira, o pouso e a decolagem utilizavam toda a extensão da pista. Conforme os documentos revelados, o embaixador George Hardings foi a Recife e chegou a ver os aviões da Aerolíneas Argentinas pousados no aeroporto.

CONFLITO ATUAL

A presidente Cristina Kirchner ainda quer as ilhas e em junho do ano passado ela mandou uma carta ao primeiro-ministro David Cameron reivindicando a devolução das Malvinas. Cameron não recebeu o documento. Há muito petróleo e gás no entorno no arquipélago e os ingleses não aceitam discutir o assunto.

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