Algum tempo depois…
Depois do colapso no abastecimento de água na cidade, que veio se agravando desde o fim da primeira quinzena de dezembro de 2013, tendo seu ápice no período próximo ao Natal – e que tem continuidade – haja vista várias manifestações, ontem, de novas interrupções na Vila Municipal e na Colina dos Santos.
Depois que as redes sociais, em especial o Facebook foram o porta voz dos santanenses indignados com a administração municipal.
Depois que o prefeito Glauber Lima, decidido a combater a crise, convocou para diretor operacional do DAE o empresário Janio Chipollino, que, com o próprio Prefeito, capitaneou pessoalmente todo o processo de enfrentamento.
Depois que Glauber Lima botou a cara para bater e decretou situação de emergência no município por 60 dias, mobilizando a defesa civil e articulando parcerias. Ou seja, a contingência fez com que assumisse uma condição de liderança, a ponto de acompanhar todo o instante, pessoalmente, as ações.
Depois de várias informações sobre pessoas enchendo piscinas, lavando carros e calçadas, regando jardins, em pleno colapso de abastecimento.
Ontem, sete dos oito vereadores de oposição decidiram, conforme um deles sintetizou, tomar uma atitude: foram ao Ministério Público oferecer denúncia sobre o que qualificaram como indícios de irregularidades “junto ao DAE” e pedindo providências.
Mais de duas semanas após o colapso – que tem sua parte estrutural, administrativa e política – o assunto volta à baila.
De toda essa história ficam evidentes alguns elementos que, muito claramente, precisam ser avaliados de forma precisa. O primeiro deles é político, essencialmente político.
Não seria possível prever e evitar o colapso, haja vista que entre as funções precípuas de quem administra, está a previsibilidade?
Não seria possível que os legisladores tivessem convocado, logo nos primeiros sinais de falta de água – fartamente alardeados – o DAE, instaurado uma comissão legislativa ou usando de alguma ferramenta prevista no Regimento interno para apurar a questão?
O segundo é administrativo. O terceiro é estrutural e mescla-se com o segundo.
E aí tem a questão de planejamento, sintetizada na Teoria Clássica da Administração, via Jules Henri Fayol (considerado o Pai da Teoria da Administração) em sua citável primeira função do administrador: – Prever e planejar (prévoir – nessa função, o administrador deve fazer uma previsão das possíveis situações de sua organização). De fato, o sistema tem anos de uso, mas em tendo dado sinais prévios (vem dando, aliás, nos últimos 3 a 4 anos) do possível colapso, não seria possível prever a contingência.
Seguindo a Teoria de Fayol, o terceiro e o quarto elementos das funções – comandar (dirigir e orientar) e coordenar (harmonizar os conflitos de gestão) também são citáveis no presente episódio, assim como vários dos 14 princípios aplicados à gestão – iniciativa, espírito de equipe, ordem, etc… – já que o desejo maior é que tal situação não tivesse acontecido.
Afinal de contas, fica evidente que, algum tempo depois é muito para o usuário, para o cidadão e, é em nome deste que Executivo e Legislativo devem trabalhar, ambos provendo soluções e não palavras.