A La David Nasser

Na prática, essa frase, síntese de uma das mais cantadas canções de festas, de autoria de um certo João Dias, é bem complexa em sua efetividade prática. É a música Fim de Ano. Exatamente hoje, os fronteiriços estão se preparando para dar adeus ao ano velho e à zero hora, brindarão com brados felizes de feliz Ano Novo.
Desejarão, por certo, “Que tudo se realize no ano que vai nascer”. Claro, o que é necessário – por muitos considerado O (assim mesmo, com maiúscula) mal necessário – está presente na cantiga. “Muito dinheiro no bolso” e, algo que talvez seja, nesses votos, o mais importante: “saúde pra dar e vender”.
Bem, aos fatos.
Fim de Ano, mais conhecida como Adeus, Ano Velho! Feliz Ano Novo! É, na verdade, uma valsa da autoria de David Nasser e de Francisco Alves, que se tornou a canção-tema do réveillon brasileiro.
Ela foi gravada originalmente pelo cantor paulista João Dias, em 4 de outubro de 1951, em disco Odeon, para dezembro do mesmo ano. O disco também trazia, em seu lado A, a versão em português de Jingle Bells.
A música, cantarolada ou assoviada por todos, absolutamente todos, em algum momento da vida (mas, efetivamente, em vários), faz votos que os solteiros tenham sorte no amor e invoca a capacidade de não perder a esperança.
“Para os solteiros
Sorte no amor
Nenhuma esperança perdida”
Também lembra de quem já contraiu núpcias (apenas para utilizar uma expressão antiga, ou de antanho – duas expressões antigas, então-) não precisa brigar, pois faz votos de paz e sossego na vida.
“Para os casados
Nenhuma briga
Paz e sossego na vida”
Não há muito sobre João Dias, o primeiro a gravar. Mas, David Nasser tem até espaço na Wikipédia. Compositor e jornalista, viveu de 1917 a 1980. Conviveu com o Rei da Voz daqueles tempos, Francisco Alves. Também protagonizou célebres reportagens para O Cruzeiro e passou por uma infinidade de jornais e revistas, como O Globo. Com o fotógrafo Jean Manzon, fez parceria tornando-se – inclusive nessa música – referencial em jornalismo.
David Nasser foi o repórter mais famoso de seu tempo – entre os anos 50 e os 70. Não deve ser aplicado a ele – embora eventualmente seja aplicado – o adjetivo polêmico. Não era polêmico. Era uma figura de poucos escrúpulos, que dava pouca importância para os fatos e muita importância para o efeito de suas reportagens, segundo o também jornalista Mauro Dias. David Nasser morreu rico – tornou-se empresário bem-sucedido – aos 63 anos.
Era um homem de imenso talento para escrever e com capacidade aparentemente inesgotável de trabalho. Escreveu livros de grande repercussão – quase sempre apoiados ou baseados em suas próprias reportagens – e compôs cerca de 300 músicas, como Nêga do Cabelo Duro (com Rubens Soares), Canta Brasil (com Alcir Pires Vermelho), Camisola do Dia, Hoje Quem Paga Sou Eu, Atiraste uma Pedra (com Herivelto Martins), Confete (aquela do pedacinho colorido de saudade, com Jota Júnior), Normalista (com Benedito Lacerda, grande sucesso na voz do amigo Nelson Gonçalves), A Coroa do Rei (com Haroldo Lobo) e até a valsa que ainda hoje serve de vinheta para o fim de ano da Rede Globo: Fim de Ano (Adeus ano velho, feliz ano-novo…), parceria com Francisco Alves.
Agora, vale cantar, com conhecimento total: Adeus, Ano Velho…
E a todos nossos leitores, anunciantes, assinantes, colaboradores, e comunidade em geral: Excelente 2014!

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.