…100 anos de perdão

O ditado popular “Ladrão que rouba de ladrão tem 100 anos de perdão”, desta vez não funcionou. A Operação Carrara, desencadeada pela Polícia Federal de Livramento e que cumpriu mandados de busca e apreensão em todo o Estado do Rio Grande do Sul, mostrou o contrário e prendeu o integrante de uma quadrilha que justamente roubava de outra quadrilha.

O submundo dos cigarreiros e contrabandistas de mercadorias diversas estava sendo tão lucrativa e contínua que outros infratores resolveram montar um esquema para roubar das supostas vítimas que sequer poderiam registrar uma ocorrência policial para alertar o crime que percorreu o Estado e, com certeza, deve estar ocorrendo em outras partes do País.

Conforme a Polícia Federal, justamente por este motivo, veio a primeira dificuldade de identificar o crime, que acabou ficando caracterizado depois de alguns flagrantes na Fronteira.

O esquema era simples, mas na verdade ocorria uma queda de braço entre duas quadrilhas fortemente esquematizadas, as quais possuíam células espalhadas em várias cidades do Estado, especialmente na região de Fronteira, onde o contrabando flui com maior frequência. Enquanto um grupo esquematizava o contrabando de mercadorias diversas e, principalmente, de cigarros vindos do Paraguai. A outra facção se articulava para descobrir, antes da Polícia, o momento exato e rota que os contrabandos estariam tomando. Os ladrões que roubavam de ladrões se utilizavam de falsidade ideológica, passando-se por agentes de fiscalizações ou por policiais. Com a nova modalidade de golpe, bem mais lucrativo que o outro, pois não gastavam em transporte e tampouco empreendiam dinheiro, acabavam levando a “melhor”.

Felizmente, esta comodidade foi encerrada na operação de ontem, que contou com mais de 100 policiais envolvidos e várias prisões realizadas, entre elas de todos os “cabeças” destas organizações criminosas. Para tanto, a Polícia Federal de Livramento se empenhou desde junho deste ano e mapeou toda a estrutura das organizações criminosas. Em menos de seis meses de investigação, mais de uma dezena de pessoas foram presas em flagrante pelo transporte de meio milhão de maços de cigarros, apreendidos juntamente com 12 veículos e dois caminhões, em oito abordagens policiais. A estimativa é que mais de dois milhões de reais tenham sido retirados do grupo, entre mercadorias e veículos. A PF identificou as principais rotas utilizadas pelos criminosos para evitar a fiscalização das autoridades e distribuir a mercadoria para abastecer diversos pontos do estado.

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