Energia falta, mas sobra vontade de brigar
Titular da Educação, Mário Santanna, não foi ouvido em função da falta de energia elétrica
A Câmara de Vereadores suspendeu a sessão ordinária de ontem, após acordo entre todos os legisladores presentes. A manifestação do secretário Mário Augusto Ribeiro Santanna, da Educação, que gerou lotação do plenário João Goulart, foi transferida para esta terça-feira, no mesmo horário. O secretário até se dispôs a falar e a responder as perguntas dos parlamentares presentes, mesmo sem energia elétrica na sala das sessões, porém, foi consenso transferir por três motivos.
O primeiro foi o fato do plenário estar completamente lotado, sendo a primeira parte (frontal às cadeiras dos vereadores) ocupada por secretários municipais e integrantes do governo, bem como assessores da Câmara e à retaguarda pela população, servidores das entidades prestadoras de serviços e outros; e qualquer manifestação que ocorresse ou até mesmo uma conversa paralela poderia atrapalhar o andamento dos trabalhos. Além disso, sem energia não foi possível utilizar o equipamento de sonorização para que todos ouvissem. Da mesma forma, a gravação da sessão não tinha como ser feita e, ainda, para completar, poderia haver situação de risco, dada a temperatura alta e a impossibilidade de ligar os aparelhos de ar condicionado.
O presidente da Câmara, Dagberto Reis, consultou um a um os vereadores presentes, questionando sobre a possibilidade de transferir a sessão, obtendo a unanimidade na concordância. Assim, Mário Augusto Santanna será ouvido, conforme solicitado pelos vereadores da bancada governista, nesta terça-feira, às 11h.
Desentendimento e pressão
Uma prática que se tornou praxe nos últimos anos, executada na administração passada e mantida no atual, é a presença massiva de integrantes do primeiro e segundo escalões de governo em sessões, eventos e atividades em que ocorram debates ou discussões de interesse do Executivo. Isso gerou uma inconformidade que evoluiu quase para as vias de fato. O vereador Ivan Garcia (PSB), invocando uma questão de ordem, perguntou quem era o convocado para a audiência.
“O senhor não sabe quem é o convocado, vereador?” – respondeu, questionando, o presidente. “O que fazem, então, hoje, neste plenário, todos os secretários municipais, acompanhados desse grande grupo de cargos de confiança do Executivo. Não deveriam estar trabalhando em seus departamentos, produzindo para o município, já que a convocação é somente para o Secretário de Educação?” – disparou.
O presidente respondeu: “isto não é matéria para questão de ordem, vereador”.
Com este diálogo entre oposição e situação, protagonizado pelo vereador Ivan Garcia, se iniciou e na mesma hora terminou a audiência com a queda de energia, da audiência que convocou o Secretário Municipal de Educação para prestar contas aos vereadores e população, sobre a decisão tomada pelo executivo em cortar em 31/12/2013, os convênios com as entidades privadas sem fins lucrativos, que abrigam mais de 700 crianças carentes do município, algumas por mais de 20 ou 30 anos.
O socialista disse que estava inconformado e precisava desabafar sobre a presença da totalidade dos secretários municipais e inúmeros CCs (Cargos de confiança), que se faziam presentes na sessão plenária. “Nunca compareceram em sessões anteriores, quando o legislativo debateu assuntos referentes as suas pastas” – criticou, indignado, afirmando que “certamente todas as secretarias estavam desassistidas de seus chefes e, consequentemente, a população desassistida pela falta do grande numero de CCs levados à audiência, simples e estrategicamente para contrapor em números de pessoas a estratégia da população, que em massa foi ao plenário da câmara ouvir a explicações do Executivo” – manifestou. O socialista condenou a prática, considerando-a arbitrária.
A confusão não parou por aí. O vereador Hanney Cid Har Cavalheiro (PMDB) pediu questão de ordem e solicitou que na terça-feira fosse à Câmara apenas o secretário de Educação, que fôra convocado, dizendo que “os demais que fossem trabalhar”. Foi o estopim para que os ânimos se acirrassem, com a revolta dos funcionários detentores de cargos em comissão e alguns secretários. No plenário surgiram gritos dos representantes das entidades que vociferavam: “vão trabalhar, vagabundos”.
O Secretário de Educação foi argumentar com o vereador. De repente, o secretário de Captação de Recursos, Carlos Eduardo Miranda Alves, aproximou-se, começando uma discussão com o vereador. Acirraram-se os ânimos com ofensas de lado a lado. Por pouco a discussão não terminou em briga generalizada. Segundo narrou Jason Flores (PMDB), o chefe de Desportos, Leonardo Góia, o empurrou quando tentava apaziguar, fazendo com que o vereador Carlos Nilo tivesse que pegar no braço de Góia e dizer que ele se retirasse, pois ali não era o lugar dele. Aos poucos, os mais exaltados foram se retirando e o Plenário foi se esvaziando.