Energia falta, mas sobra vontade de brigar

Titular da Educação, Mário Santanna, não foi ouvido em função da falta de energia elétrica

Secretario Carlos Eduardo Alves (de camisa roxa) discute com o vereador Hanney Cavalheiro e é contido por Jason Flores (de camisa amarela)

A Câmara de Vereadores suspendeu a sessão ordinária de ontem, após acordo entre todos os legisladores presentes. A manifestação do secretário Mário Augusto Ribeiro Santanna, da Educação, que gerou lotação do plenário João Goulart, foi transferida para esta terça-feira, no mesmo horário. O secretário até se dispôs a falar e a responder as perguntas dos parlamentares presentes, mesmo sem energia elétrica na sala das sessões, porém, foi consenso transferir por três motivos.

O primeiro foi o fato do plenário estar completamente lotado, sendo a primeira parte (frontal às cadeiras dos vereadores) ocupada por secretários municipais e integrantes do governo, bem como assessores da Câmara e à retaguarda pela população, servidores das entidades prestadoras de serviços e outros; e qualquer manifestação que ocorresse ou até mesmo uma conversa paralela poderia atrapalhar o andamento dos trabalhos. Além disso, sem energia não foi possível utilizar o equipamento de sonorização para que todos ouvissem. Da mesma forma, a gravação da sessão não tinha como ser feita e, ainda, para completar, poderia haver situação de risco, dada a temperatura alta e a impossibilidade de ligar os aparelhos de ar condicionado.

O presidente da Câmara, Dagberto Reis, consultou um a um os vereadores presentes, questionando sobre a possibilidade de transferir a sessão, obtendo a unanimidade na concordância. Assim, Mário Augusto Santanna será ouvido, conforme solicitado pelos vereadores da bancada governista, nesta terça-feira, às 11h.

Desentendimento e pressão

Uma prática que se tornou praxe nos últimos anos, executada na administração passada e mantida no atual, é a presença massiva de integrantes do primeiro e segundo escalões de governo em sessões, eventos e atividades em que ocorram debates ou discussões de interesse do Executivo. Isso gerou uma inconformidade que evoluiu quase para as vias de fato. O vereador Ivan Garcia (PSB), invocando uma questão de ordem, perguntou quem era o convocado para a audiência.

“O senhor não sabe quem é o convocado, vereador?” – respondeu, questionando, o presidente. “O que fazem, então, hoje, neste plenário, todos os secretários municipais, acompanhados desse grande grupo de cargos de confiança do Executivo. Não deveriam estar trabalhando em seus departamentos, produzindo para o município, já que a convocação é somente para o Secretário de Educação?” – disparou.

O presidente respondeu: “isto não é matéria para questão de ordem, vereador”.

Com este diálogo entre oposição e situação, protagonizado pelo vereador Ivan Garcia, se iniciou e na mesma hora terminou a audiência com a queda de energia, da audiência que convocou o Secretário Municipal de Educação para prestar contas aos vereadores e população, sobre a decisão tomada pelo executivo em cortar em 31/12/2013, os convênios com as entidades privadas sem fins lucrativos, que abrigam mais de 700 crianças carentes do município, algumas por mais de 20 ou 30 anos.

O socialista disse que estava inconformado e precisava desabafar sobre a presença da totalidade dos secretários municipais e inúmeros CCs (Cargos de confiança), que se faziam presentes na sessão plenária. “Nunca compareceram em sessões anteriores, quando o legislativo debateu assuntos referentes as suas pastas” – criticou, indignado, afirmando que “certamente todas as secretarias estavam desassistidas de seus chefes e, consequentemente, a população desassistida pela falta do grande numero de CCs levados à audiência, simples e estrategicamente para contrapor em números de pessoas a estratégia da população, que em massa foi ao plenário da câmara ouvir a explicações do Executivo” – manifestou. O socialista condenou a prática, considerando-a arbitrária.

A confusão não parou por aí. O vereador Hanney Cid Har Cavalheiro (PMDB) pediu questão de ordem e solicitou que na terça-feira fosse à Câmara apenas o secretário de Educação, que fôra convocado, dizendo que “os demais que fossem trabalhar”. Foi o estopim para que os ânimos se acirrassem, com a revolta dos funcionários detentores de cargos em comissão e alguns secretários. No plenário surgiram gritos dos representantes das entidades que vociferavam: “vão trabalhar, vagabundos”.

O Secretário de Educação foi argumentar com o vereador. De repente, o secretário de Captação de Recursos, Carlos Eduardo Miranda Alves, aproximou-se, começando uma discussão com o vereador. Acirraram-se os ânimos com ofensas de lado a lado. Por pouco a discussão não terminou em briga generalizada. Segundo narrou Jason Flores (PMDB), o chefe de Desportos, Leonardo Góia, o empurrou quando tentava apaziguar, fazendo com que o vereador Carlos Nilo tivesse que pegar no braço de Góia e dizer que ele se retirasse, pois ali não era o lugar dele. Aos poucos, os mais exaltados foram se retirando e o Plenário foi se esvaziando.

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