“SÓ EU VOTEI CONTRA”

Abaixo, trecho do livro “Nervos de Aço”, págs. 159-160, um depoimento meu a Luciano Trigo, editado pela TOPBOOKS em 2006. “Nós somos para o PT gente de segunda, sempre senti assim. O José Carlos Martinez morreu dizendo que queria carinho do presidente Lula, que jamais o recebeu em Brasília.

Eu era líder e Martinez presidente do PTB, partido que integrava a base do governo, e nunca tivemos uma chance de conversar com o Lula. Só conseguimos chegar no Gushiken, no Palocci e no José Dirceu. Martinez morreu sem ter tido a oportunidade de conversar com Lula. Isso só mudou em princípios de 2005, em janeiro, quando o presidente passou a me receber -foi quando, na primeira oportunidade, eu denunciei o mensalão.

Foi ali que eu ganhei um inimigo mortal, o ministro José Dirceu. Nas conversas preliminares do PT conosco, só se tratava de partilha de cargos. Nunca se discutiram ideias, ou o programa do governo. Só ofereciam cargos. Aliás, no governo Lula o PTB teve cerca de 20 cargos de confiança. Nunca 2 mil, como noticiou a imprensa.

[.] Sempre fui contra apoiar o Lula, mas fui voto vencido. O resultado da votação na executiva do PTB foi 32 a 1, a favor do apoio ao PT. Só eu votei contra. Mas, como saiu na “Folha de S.Paulo” (12 de outubro de 2002), não foi um sentimento de amor a Lula, e sim de rejeição ao presidenciável tucano [José Serra], que determinou esse apoio.

“Jefferson disse que respeitará a decisão do partido, mas não deseja nada dos petistas, nem a companhia” (notícia da Folha).. Já Martinez declarou ao jornal: “A decisão [de recomendar o voto em Lula] é mais de ódio ao Serra do que por amor ao Lula”.

Pressentindo o resultado negativo, o presidente Fernando Henrique chegou a telefonar para o Martinez, para tentar reverter a tendência de apoio a Lula no PTB. Martinez disse que tinha apreço por ele, mas que Serra e o PSDB o tinham machucado muito, referindo-se à campanha para desmoralizá-lo, associando seu nome ao de PC Farias. O apoio do PTB a Lula no segundo turno já estava decidido.”

É ROBERTO JEFFERSON

O texto acima foi publicado no blog de Roberto Jefferson por ele mesmo, na última terça-feira. Sabe-se lá por quais razões, o ex-deputado federal resolveu lembrar desse depoimento, às vésperas de ser preso.

SÓ AGORA? (1)

Até os pombos-correio que levam celulares amarrados em suas costas sabem que os presídios brasileiros são masmorras medievais em sua maioria acachapante. Nunca alguém se preocupou com essa situação por uma única razão: quem vai para atrás das grades é preto, pobre e prostituta.

SÓ AGORA? (2)

Pois não é que de repente, não mais que de repente, nossas maiores autoridades executivas do país – ministros, governadores petistas – mostram-se preocupadas com as condições carcerárias em que estão os mensaleiros?

SÓ AGORA? (3)

O governador de Brasília, Agnelo Queiroz, esteve no Presídio da Papuda para ver como estava sendo tratado o mensaleiro José Genoino. E há gente graúda questionando o banho frio dos presos e as condições dos vasos sanitários.

SÓ AGORA? (4)

Tanta preocupação leva os brasileiros a uma única e isolada conclusão: nossos presídios só serão locais de recuperação social, com condições civilizadas, quando mais gente importante começar a freqüentá-los pagando pelos seus crimes até então impunes.

 

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