Ecos

A palavra mais ouvida nesta semana, após a decisão (diga-se de passagem, legítima e legal) do prefeito Glauber Lima, de não mais conveniar com as entidades assistenciais Cidade de Meninos, Creche Santa Elvira e Conferência São Vicente de Paulo: política. Foi tão repetida quanto outra: diálogo. Mas aquele diálogo aberto, diferente do trivial.
Quem apoia a decisão do prefeito, seja integrante do Executivo ou não, certamente vai buscar todos os argumentos para tentar convencer de que ela é prevalente em razão.
Quem não apoia, obviamente, ao contrário, seja de oposição ou não, efetivamente vai procurar a totalidade dos motivos para buscar convencer de que ela é desprovida de razão.
Quanto à convicção e entendimento a esse respeito, assim como o juízo de valor, cabe a cada cidadão.
O que é preciso analisar, além da decisão, é que durante toda a campanha eleitoral do ano passado, o próprio Glauber Lima, então candidato, expressava que seu futuro (à época, precedido da expressão “se eleito”) governo, teria como palavra de ordem o diálogo.
As representações das entidades alegam que a comunicação se deu por escrito, sem o dito cujo diálogo.
Política, segundo alguns conceituados escritores do passado, por exemplo, é o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados. Desde Aristóteles até Maquiavel, a política permeia como ciência, o cotidiano e tem em sua base de cerne o diálogo, bem como a proximidade entre os agentes que a praticam.
O que vem sendo possível perceber, nos últimos 10 meses, é que – uma outra face da política – vem sendo prática constante muito mais a crítica do que o diálogo. Mais precisamente o bate-rebate que caracterizava algo que a cidadania, segundo expressava, desejava ver abolida.
Os bastidores indicam essa condição como perene, constante, recorrente, até, porém, incondizente com o desejável. Governistas versus não governistas. A eterna dualidade. Quem não é a favor é contra, quem não é contra tem que ser a favor.
Mas, todos esses conceitos praticados, usados e surrados, não refletem, na verdade, aquilo que deve gerar resultados. Em quase 11 meses de nova legislatura e de governo municipal, é tempo de reflexão; quem sabe de prefeito e vereadores ouvirem o que as vozes das ruas, dos não partidários, vêm comentando?
É possível que sejam palavras muito diferentes daquelas proferidas pelos que compõem os quadros nomeados nos dois poderes. É bem possível, ainda, que sejam frases mais próximas de uma realidade que os agentes públicos imaginam conhecer a fundo e, na prática, até pelo exercício cotidiano da função e do poder, pela mutabilidade inconstante que a constante mudança ocasiona ou mesmo que a inércia propicia (sim, é realmente uma confusa redundância, afinal de contas, são seres humanos), deixaram de acompanhar.

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